Numa conferência de imprensa em Berlim, o promotor desta iniciativa, o jornalista de investigação Günter Walraff, disse que o fundador do ‘WikiLeaks’ “não pode esperar por um julgamento nos Estados Unidos ou um processo de extradição no Reino Unido de acordo com o estado de direito”.

Walraff acrescentou que Assange está a ser prejudicado nos seus preparativos de defesa e lembrou que o relator especial das Nações Unidas Nils Melzer confirmou que Assange mostrava sinais de ter sido submetido a tortura psicológica.

O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Sigmar Gabriel, declarou, por sua vez, que de acordo com os seus parâmetros, o Reino Unido e os Estados Unidos promovem o Estado de direito, mas que, “por razões políticas”, neste caso “aparentemente não há garantia de um processo” que respeite os princípios elementares.

Gabriel acrescentou que não se trata de saber se Assange cometeu um crime, mas que “nas condições atuais, não pode fazer uso dos direitos elementares de qualquer acusado”, isto é, “não consegue preparar-se física e mentalmente e nem com a ajuda dos seus advogados pode preparar uma defesa adequada”.

Por isso, disse Gabriel, Assange “deve ser libertado”.

Por outro lado, Walraff afirmou que o objetivo é fazer com que as pessoas entendam que não estão a falar apenas da defesa do próprio Assange, mas “também da defesa da liberdade de opinião e de imprensa e, consequentemente, também da própria democracia”.

Walraff alertou que “se, ao descobrir crimes de Estado, jornalistas, denunciantes e a meios de comunicação precisarem temer a perseguição, a prisão ou até temer pelas suas vidas no futuro, o quarto poder está mais do que em perigo”.

Entre os signatários do apelo à libertação de Assange estão dez ex-ministros, incluindo três da Justiça, disse Walraff, representantes de partidos políticos, escritores como Elfride Jelinek, Eva Menasse e Eugen Ruge e jornalistas, além de quatro organizações.

Assange aguarda o resultado do julgamento de extradição para os Estados Unidos num prisão de alta segurança de Londres, onde está preso desde abril do ano passado, depois de ser removido pela polícia britânica da embaixada do Equador, onde recebeu asilo por sete anos.