"A partir de 20 de fevereiro o projeto vai arrancar com a colocação dos primeiros 600 mil caracóis bebés nas estufas que instalei em Mozelos [Paredes de Coura], com cerca de três mil metros quadrados", explicou João Gomes.
Aos 40 anos de idade, este serralheiro de profissão, deixou "falar mais alto o bichinho da agricultura" que lhe foi incutido desde pequeno pelos pais e decidiu criar a Couracol, financiado por fundos comunitários.
No terreno agrícola dos progenitores, em pousio há mais de 15 anos, altura em que a vacaria que a família explorava foi desativada, já está instalada a exploração coberta, que começa a funcionar em fevereiro. Mas o projeto prevê outros três mil metros quadrados para a instalação de um parral, um parque ao ar livre para engorda, que garanta a produção durante o verão.
"O bichinho da lavoura continuava cá dentro. Estive num impasse entre a produção de cogumelos ou caracóis até que conheci o trabalho da primeira cooperativa de helicicultores em Portugal, a Widehelix, e decidi avançar com a criação de caracóis. Nesta altura já investi entre 60 a 70 mil euros neste projeto", explicou.
Entre julho e agosto, João Gomes vai tirar a "primeira produção".
"O resultado vai depender de vários fatores, desde logo a taxa de mortalidade, que varia entre os 20 a 30%. Só dentro de cinco meses saberei a quantidade de caracoletas que vou produzir, sendo que cada uma tem de pesar entre 20 a 30 gramas", explicou.
Segundo João Gomes, no verão, "quando há fartura de caracóis", o preço do quilo varia entre os três a três euros e meio e, no inverno, "por causa da escassez", pode subir "aos quatro euros ou mais".
Além da área destinada à criação, a Couracol prevê a criação, em agosto, de uma maternidade de caracoletas, espécie cuja dimensão permite rendimento durante todo o ano e com um preço que compensa a sua exploração em cativeiro.
Os "bebés" da maternidade da Couracol destinam-se às próximas produções da exploração de João Gomes bem como à venda a outros produtores".
"O ovo do caracol é vendido a mil euros o quilo", frisou.
O projeto vai avançar apenas com o trabalho de João Gomes, mas, "na altura da colheita", irá recrutar mão-de-obra.
"No sábado chega a hortaliça própria para alimentar os caracóis bebés. É preciso algum tempo para a hortaliça estar em condições. A partir do dia 20 de fevereiro conto começar a instalar os bebés caracóis na estufa", disse.
A produção da exploração de João Gomes terá como destino Widehelix criada em janeiro de 2017 por 14 produtores de caracóis do Norte.
A cooperativa controla todo o processo do negócio, desde a produção e transformação à comercialização, e ainda dá formação e consultadoria.
Com sede em Vila Nova de Famalicão, a cooperativa foi constituída para dar "escala" a um negócio que tem como destino a Europa, o Canadá, Estados Unidos e Reino Unido, entre outros mercados internacionais.
No Alto Minho, segundo João Gomes, novas explorações estão previstas para Cerdal, em Valença e para Arcos de Valdevez, além de uma já existente em Ponte de Lima que, o ano passado ficou em terceiro lugar no Prémio Empreendedorismo e Desenvolvimento Rural 2016, promovido pela Câmara de Ponte de Lima.
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