No seu relatório anual, a associação com sede em Nova Iorque, financiada por donativos privados e que há 40 anos denuncia assassínios, encarceramentos, violência, censura e ameaças a jornalistas, indicou tratar-se de um dos piores balanços que já fez: representa um aumento de 44% num ano de profissionais da imprensa mortos em todo o mundo.

Dos 99 mortos em 2023, “a grande maioria (72) eram jornalistas palestinianos que foram mortos em ataques israelitas a Gaza, ao passo que, em contraste, fora desse conflito, 22 jornalistas e trabalhadores de órgãos de comunicação social foram mortos em 18 países”, alertou a Comissão de Proteção dos Jornalistas (CPJ).

Os “jornalistas em Gaza são testemunhas na linha da frente”, sublinhou a diretora da CPJ, Jodie Ginsberg, citada no relatório.

“O sofrimento dos jornalistas palestinianos nesta guerra terá efeitos duradouros no jornalismo, não apenas nos territórios palestinianos, mas também na região e para além dela. Cada jornalista morto é um atentado à nossa compreensão do mundo”, condenou a diretora da organização não-governamental (ONG), referindo igualmente as mortes de três jornalistas libaneses e dois israelitas.

Segundo a CPJ, desde o início da guerra desencadeada a 7 de outubro de 2023 por um ataque de combatentes do Hamas ao sul de Israel, que fez 1.163 mortos, na maioria civis, e até 7 de fevereiro deste ano, foram mortos 85 jornalistas e trabalhadores dos meios de comunicação social na Faixa de Gaza.

Em retaliação, Israel jurou “destruir” o Hamas, desde 2007 no poder em Gaza e que, juntamente com os Estados Unidos e a União Europeia, considera uma organização terrorista, e iniciou uma ofensiva que até agora já fez 28.576 mortos na Faixa de Gaza, segundo as autoridades locais.

Em 2023, a CPJ já se tinha mostrado alarmada pelo facto de os meios de comunicação social “parecerem estar a ser alvo” do Exército israelita, em particular uma dezena de mortos em Gaza possivelmente “visados de forma deliberada”, o que poderá constituir um “crime de guerra”.

Fora do conflito do Médio Oriente, as Filipinas e a Somália estão “entre os países mais mortíferos para a imprensa”, adverte a CPJ, constatando, contudo, uma diminuição acentuada do número de jornalistas mortos no México e na Ucrânia.