A empresa concessionária ICA garante o funcionamento e gestão dos refeitórios de 174 escolas da região Centro (escolas de 2.º e 3.º ciclos e secundárias), sendo que “50% dos refeitórios estão encerrados” devido à greve, afirmou o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Centro (STIHTRSC), António Baião, que falava aos jornalistas durante a concentração convocada para hoje junto à Escola D. Maria II, em Coimbra.
Só na zona de Coimbra “80% das escolas estão com refeitórios encerrados”, sendo que em todos os seis distritos da região Centro há estabelecimento afetados, acrescentou António Baião, referindo que Leiria é o distrito com menos adesão à greve.
A empresa concessionária garante a gestão dos refeitórios até ao ano letivo 2020/2021, sendo que o dirigente sindical refere que não está a ser cumprido o caderno de encargos definido com a Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGESTE).
O Sindicato de Hotelaria do Centro fala de falta de pessoal, ritmos de trabalho intensos, pressão sobre os trabalhadores, falta de produtos e o não reconhecimento da categoria profissional das cozinheiras.
“A empresa fez um contrato de cozinheira de terceira quando era cozinheira de segunda. Uma cozinheira de terceira ganha mais dois euros do que o salário mínimo nacional, ou seja, mais dois euros do que as colegas ao lado que não têm a responsabilidade de confecionar” as refeições, explicou António Baião, sublinhando que estas trabalhadoras, se tivessem contrato de cozinheira de segunda, receberiam “mais 49 euros por mês”.
As trabalhadoras, frisou, têm contratos de nove meses, sendo que as trabalhadoras com horário reduzido “são subcontratadas por uma empresa de trabalho temporário”.
Dezenas de trabalhadoras concentraram-se hoje de manhã junto à Escola D. Maria II, envergando cartazes a exigir melhores condições salariais e o cumprimento das categorias profissionais.
Maria Graça, a trabalhar na escola de Ceira, em Coimbra, há 21 anos, foi uma das trabalhadoras que passou a receber como cozinheira de terceira.
“Nunca assinei o contrato”, disse à agência Lusa, protestando contra a redução salarial que sofreu desde setembro.
Alda, de 48 anos, trabalhadora numa escola do concelho de Oliveira do Bairro, também partilha da mesma situação e frisa que isto “nunca tinha acontecido”.
“Viemos aqui manifestar a nossa indignação”, salienta.
Após a concentração, trabalhadoras e dirigentes sindicais dirigiram-se até à DGESTE para entregar uma moção sobre as condições das trabalhadoras do ICA.
“O Estado não se pode demitir do seu papel fiscalizador”, defendeu António Baião, vincando que o caderno de encargos não está a ser respeitado.
“A agência Lusa tentou, sem sucesso, obter esclarecimentos junto da empresa ICA”.
Comentários