De acordo os dados obtidos pelo jornal brasileiro, 7.120 médicos entraram na seleção aberta pelo Governo, cujo objetivo era reforçar a oferta médica no interior do Brasil, após a saída dos médicos cubanos em novembro do ano passado.
A previsão do executivo era que outros 1.397 médicos, todos brasileiros formados no exterior, iniciassem atividades até ao final da semana passada.
Os profissionais que desistiram das vagas trabalharam entre uma semana e três meses, e os principais motivos relatados aos municípios para a saída foi a procura de outros locais de trabalho, a frequência em cursos de especialização e a necessidade de fazer residência médica’, uma pós-graduação destinada a médicos e realizada em instituições credenciadas pelo Ministério da Educação.
Dados do Ministério da Saúde do Brasil apontam que o perfil de cidades onde ocorreram as primeiras desistências varia.
As cidades com maior volume de desistências são aquelas com 20% ou mais de população em extrema pobreza — 324 desistências, ou 31% do total.
O presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde, Mauro Junqueira, afirmou à Folha de São Paulo que tal ocorre porque grande parte das vagas estão em regiões pobres e com altos índices de violência.
“Quando se fala em capitais [com vagas no ‘Mais Médicos’] não estamos a falar no bairro dos Jardins, [zona nobre] em São Paulo, mas em favelas e áreas mais distantes, onde é difícil permanecer com a violência toda”, afirmou Mauro Junqueira.
Cuba ordenou em 14 de novembro a retirada de 8.300 médicos cubanos que trabalhavam no Brasil, após uma declaração do atual Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, que qualificou os profissionais cubanos como “escravos” de uma ditadura, questionando igualmente a sua preparação.
Segundo os acordos entre Brasil, Cuba e a Organização Pan-Americana da Saúde, os médicos cubanos recebiam 30% do seu salário no Brasil e o valor restante era destinado ao Governo de Havana, o que Bolsonaro considerou “inaceitável”.
O programa “Mais Médicos” foi criado em 2013 pela então Presidente brasileira, Dilma Rousseff, e permitiu a milhares de médicos cubanos a prestação de cuidados às populações das áreas pobres e zonas rurais do Brasil.
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