“Free, free Palestine” (“Palestina livre”) era a palavra de ordem, em defesa da criação de um Estado palestiniano, mais escutada neste desfile mobilizado por diferentes grupos e organizações, como a Coligação “Stop The War” (“Parar a Guerra”), Partido Socialista dos Trabalhadores, Amigos de Al-Aqsa e Associação Muçulmana do Reino Unido.
Ben Jamal, diretor da Campanha de Solidariedade com a Palestina, afirmou à Agência Lusa que é importante mostrar aos palestinianos que há muitas pessoas do seu lado.
“A nossa mensagem é: estamos a ver-vos, estamos a ouvir-vos, estamos convosco, não estão sozinhos enquanto continuam a confrontar e a resistir a este genocídio”, disse.
Mas a outra mensagem é dirigida aos governos britânico e de outros países, que considera “cúmplices porque continuam a oferecer a Israel impunidade pelo que está a fazer, continuam a proteger diplomática, política e militarmente” o governo de Benjamin Netanyahu.
“Esta cumplicidade tem de acabar. Não estão em sintonia com a opinião pública”, vincou, defendendo um boicote à venda de armas e ao comércio com Israel.
Nos últimos 12 meses, a Marcha pela Palestina atravessou Londres 19 vezes, a espaços acusada de antissemitismo e de apoio ao Hamas, uma organização considerada terrorista pela União Europeia, Estados Unidos e Reino Unido.
Hoje estava previsto um contra-protesto, mas a polícia determinou que deveria realizar-se longe desta manifestação, que os organizadores calculam que tenha juntado cerca de 250 mil pessoas.
Ben Jamal afirma que as críticas são uma tentativa de “demonizar qualquer pessoa que se levante para apoiar os direitos do povo palestiniano”, salientando que judeus também têm participado nas manifestações no Reino Unido.
Aproveitando o dia soalheiro de outono, manifestantes viajaram centenas de quilómetros de comboio e autocarro até à capital britânica desde Manchester, Birmingham ou País de Gales.
De visita de Liverpool a Londres para ir ao teatro, Liz e Maureen chegaram mais cedo a Londres para poderem participar na manifestação.
“É a primeira vez. Tenho 70 anos e só agora é que estou a aprender sobre o que se está a passar. É importante mostrar aos palestinianos que estamos do lado deles”, confessou Liz à Lusa.
As duas dizem que a maioria dos amigos estão solidários e que só alguns são pró-Israel.
Yahya viajou da Malásia para visitar o sobrinho que está a estudar em Londres e os dois juntaram-se à manifestação.
“Já chega, Israel não respeita a resolução da ONU e nem o direito internacional”, argumentou.
Ao lado, um grupo sobretudo de raparigas anuncia que a ‘intifada’ (“revolta” em árabe) está a chegar, mas rejeitam que estejam a promover violência.
“O que queremos dizer é que é preciso revoltarmo-nos, resistir e lutar pela liberdade”, afirmou Fariyal.
Entre as muitas obras de arte presentes, uma das mais visíveis era uma escultura equina de cinco metros de altura, que pretende reproduzir o “Cavalo de Jenin, construído em 2003 por habitantes da Cisjordânia com o artista alemão Thomas Killper, mas destruído por soldados israelitas no ano passado.
“Esta peça foi feita com a contribuição de mais de 150 pessoas no fim de fevereiro e pretende mostrar o ataque de Israel às artes, que é uma forma de desumanizar os palestinianos e de erradicar a sua cultura”, afirmou Douglas Crabtree, que transportou a peça deste Halifax, cerca de 300 quilómetros a norte de Londres.
Muitos manifestantes empunhavam cartazes distribuídos onde se lia “Liberdade para a Palestina, Fim da Ocupação Israelita”, “Tirem as mãos do Líbano” ou “Parem de armar Israel”.
Outras pessoas trouxeram os seus cartazes artesanais, um dos quais resumia simplesmente: “O único caminho para a paz é o compromisso”.
*Por Bruno Manteigas, da Agência Lusa
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