Marcelo Rebelo de Sousa assumiu esta posição numa entrevista à Antena 1, conduzida pela jornalista Maria Flor Pedroso e transmitida hoje, em que afirmou que, "para se chegar ao défice a que se chegou, o Governo optou, um pouco como o Governo anterior, por sacrificar investimentos públicos".
A propósito do investimento, o chefe de Estado defendeu a importância da estabilidade no sistema fiscal, advertindo que é preciso "não haver o risco de, de repente, a meio de um exercício orçamental, haver um aumento de impostos", porque "isso para os investidores é negativo".
Sobre a banca, o Presidente da República começou por dizer que foi aquilo com que se "preocupou mais durante o último ano", e que alguns problemas "não conhecia" antes de assumir a chefia do Estado: "Vim depois a deparar-me com algumas questões, mas foram sendo resolvidas paulatinamente".
Questionado se o sistema financeiro ainda é o problema que mais o preocupa, respondeu: "Não, já não é. Já não é. O problema que me preocupa mais hoje - e tenho falado dele certamente nos últimos seis meses - é o crescimento".
Marcelo Rebelo de Sousa rejeitou que a dívida pública seja um problema mais preocupante: "Acho que não. Acho que é o crescimento, porque o crescimento é a resolução para vários problemas, um dos quais a dívida".
"Todas as questões em Portugal, questões de justiça social, questões de redução do endividamento público, questões de criação do emprego, passam pelo crescimento", argumentou.
O Presidente da República acrescentou que aguarda com expectativa os números do crescimento dos próximos meses.
"Nós sentimos, intuitivamente, que há, desde o terceiro trimestre do ano passado, uma tendência de crescimento. Agora, é importante saber até onde vai essa tendência: Mantém-se? É sustentada? Tende a subir? Estabiliza?", declarou.
Na sua opinião, "essa é a grande interrogação deste ano de 2017".
"Quer dizer, este ano de 2017, que tem uma interrogação política que são as eleições autárquicas, tem uma interrogação a meu ver mais importante que é a interrogação económica, que é: até onde vai o crescimento?", reforçou.
Sobre a conjuntura política, Marcelo Rebelo de Sousa reiterou que nada impede que o presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, possa vir a ser primeiro-ministro durante este seu mandato presidencial, que termina em 2021.
"É uma hipótese que existe. Não tem de ser, mas existe. Faz parte da democracia ele poder ser reeleito no partido, e poder ser vencedor nas eleições de 2019", disse.
Nesta entrevista, o chefe de Estado explicou o menor investimento público em 2016, em parte, com o "atraso na utilização dos fundos europeus", que no seu entender era em certa medida "inevitável", porque "houve uma mudança de Governo".
"Portanto, o ano de 2016 foi um ano em que não houve praticamente utilização de fundos europeus", prosseguiu, referindo que em 2017 "é previsível haver, em particular, a partir do segundo semestre", o que "significa que, por essa via, há sempre uma componente de investimento público".
"Depois, houve outra razão. Para se chegar ao défice a que se chegou, o Governo optou, um pouco como o Governo anterior, por sacrificar investimentos públicos, para garantir um determinado objetivo nacional em termos de défice. Isso parece evidente", considerou.
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