Marcelo Rebelo de Sousa teve este gesto no final da cerimónia de entrega do Prémio Personalidade do Ano 2017 a Luísa e Salvador Sobral pela Associação da Imprensa Estrangeira em Portugal (AIEP), na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
O chefe de Estado referiu-se à vitória da canção "Amar pelos dois", composta por Luísa Sobral e interpretada pelo seu irmão, Salvador Sobral, na final do festival da Eurovisão, em 13 de maio do ano passado, como um "êxito singular" que não poderia deixar de merecer uma distinção.
"A quase um ano do momento vivido, existe já o distanciamento que faltava no turbilhão de factos e sentimentos então dominantes", considerou o Presidente da República, acrescentando: "Este é o instante adequado para anunciar a condecoração com a Ordem do Mérito, atribuída em nome de Portugal".
A Ordem do Mérito distingue "atos ou serviços meritórios praticados no exercício de quaisquer funções, públicas ou privadas, que revelem abnegação em favor da coletividade".
No discurso que fez nesta cerimónia, Marcelo Rebelo de Sousa salientou a importância da vitória na Eurovisão para a autoestima coletiva dos portugueses.
"É muito importante que isto tenha acontecido num país tantas vezes cronicamente pessimista e, sobretudo, com um país cheio de bem-pensantes que, se possível, ainda são mil vezes mais pessimistas do que o povo", afirmou, recebendo palmas.
No seu entender, os êxitos internacionais têm mostrado aos portugueses que não estão "condenados a nada" em competições internacionais, "até em matérias tão aparentemente triviais para muitos nossos amigos intelectuais como canções e futebol".
"[A Eurovisão], tal como a Eurocopa, e esperamos que também o Campeonato do Mundo, deixou de ser uma competição onde ficamos à porta, onde não temos hipóteses, de onde saímos com prestigio, mas sem sucesso", reforçou.
Na presença do ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, o Presidente da República elogiou os artistas e desportistas portugueses com sucesso internacional, dizendo que, "na prática, são embaixadores de Portugal, por mérito próprio".
"E, com todo o respeito que merecem os nossos embaixadores, são embaixadores mais qualificados e mais eficientes do que a generalidade da nossa diplomacia – o senhor ministro da Cultura que me perdoe", acrescentou.
Marcelo Rebelo de Sousa enalteceu, depois, a "excecional canção" vencedora da Eurovisão, "distante de efeitos pirotécnicos e ruidosos", descrevendo-a como "uma canção frágil".
Além disso, segundo o chefe de Estado, "a própria atuação de Salvador Sobral, a sua atitude em palco e fora dele, a sua incomodidade com o sucesso, o seu modo direto de dizer as coisas, o modo como enfrentava uma situação pessoal", tudo isso fez da vitória de "Amar pelos dois" na Eurovisão "uma vitória ainda mais portuguesa".
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