Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas em Luanda, onde hoje participou na cerimónia de investidura do Presidente angolano, João Lourenço, destacando no seu discurso a mudança de orientação de Angola no que diz respeito à guerra na Ucrânia.

“Tal como vários países africanos, inclusive de língua portuguesa, Angola não apoiava a posição da Ucrânia e da União Europeia  e neste discurso o presidente João Lourenço convida a Federação Russa a parar as suas operações para permitir a abertura de negociações o que é uma viragem muito significativa”, comentou.

O Presidente de Angola defendeu hoje no seu discurso de tomada de posse que a Rússia deve tomar a iniciativa de pôr fim ao conflito com a Ucrânia para evitar o escalar do conflito e abrir caminho à reforma do conselho de segurança das Nações Unidas.

Certamente, sugeriu Marcelo Rebelo de Sousa, “tendo em conta os novos dados sobre o que se passa na Ucrânia”, mas admitiu também que haverá “uma maior sensibilidade face a pontos de vista europeus e sobretudo norte-americanos nesta matéria”

No plano interno o discurso de João Lourenço foi feito para atender a “necessidades imediatas das populações” e sentindo um maior sentido de urgência no seu segundo mandato.

“Correm muito mais rapidamente do que os primeiros”, disse o Presidente português considerando que este “vai ser muito mais acelerado”, e que João Lourenço, com um pesado caderno de encargos “tem de acelerar a intervenção no terreno e a intervenção política”.

Considerou ainda que este foi um discurso muito diferente e mais rico do que há cinco anos e apontou o facto de ter havido também nesta cerimónia um desfile militar:

“Houve nitidamente  a preocupação anunciada de sublinhar o papel e valorizar as Forças Armadas  isso aparece quer no discurso do Presidente, quer no simples facto de metade da cerimónia se uma parada”, considerou.

O Presidente angolano prometeu hoje promover a melhoria dos salários e das condições de aquartelamento dos militares “logo nos primeiros dias” do seu Governo, uma vez que a defesa da soberania e da ordem pública “é sagrada” para Angola.

Questionado sobre se manteve encontros bilaterais, Marcelo Rebelo de Sousa confirmou que se encontrou com chefes de estado africanos e de organizações multilaterais, nomeadamente a Comunidade de Países de Língua Portuguesa, com os quais falou também sobre as posições quanto à guerra na Ucrânia

Por outro lado, percorrer as ruas de Luanda, permitiu também “confirmar a grande maturidade democrática, diversidade, pluralismo e simpatia enorme por Portugal”.

Declarou ainda que “acompanhou o pensamento do lado da oposição” lembrado que amanhã toma posse o segundo órgão eleito —  Assembleia Nacional — onde estão representadas as várias forças políticas.

E acrescentou: “É evidente que o povo angolano quer que este processo político seja um processo de paz, com o funcionamento ds instituições e dentro delas”.