Marcelo Rebelo de Sousa falava durante uma visita à Cinemateca e ao Arquivo Nacional das Imagens em Movimento (ANIM), em Bucelas (Loures), que “estava para acontecer há muito”.
No final da visita, Marcelo Rebelo de Sousa agradeceu ao “punhado de heróis” - nome que deu aos funcionários dos organismos - que “com uma exiguidade de meios conseguem salvar património, preservar património, fazer conhecer património e estar em intercâmbio permanente com o que se passa no mundo”.
“Inclusive ter aqui unidades que, pelo que percebi, são um caso excecional, não só a nível da Península Ibérica, mas a nível europeu e mundial", além de que estão em condições de prestar serviços em todo o mundo para lá do serviço cultural "essencialíssimo" que já prestam à sociedade.
No final da visita ao que considerou “o começo de um futuro museu”, Marcelo Rebelo de Sousa disse ainda que a iniciativa visou conhecer o local e “apoiar um património imaterial que é único”.
Na presença da secretária de Estado da Cultura, Ângela Ferreira, Marcelo Rebelo de Sousa elogiou também o serviço público que os dois organismos prestam “às escolas e à sociedade como um todo”.
“Pelo que queria agradecer-vos e dizer-vos que a luta continua, no bom sentido do termo, a luta por melhores condições para o ANIM e para a Cinemateca continua. A sra. secretária de Estado está aqui para garantir que assim é e certamente que terão outras condições e mais meios para que se conheça a tal saga, a tal aventura do cinema português”, acrescentou.
Os 70 anos da Cinemateca estão a ser assinalados com uma programação que se prolonga até 2019 e, na sexta-feira, realiza-se um colóquio subordinado ao tema “Cinemateca – passado, presente, futuro”, na sala M. Félix Ribeiro, em que participam António Guerreiro, Maria Filomena Molder, Jacques Lemiére, Teresa Villaverde, o diretor da Cinemateca, José Manuel Costa, e a ministra da Cultura, Graça Fonseca.
Com um total de despesa prevista de 4,7 milhões de euros em 2019, a Cinemateca Portuguesa dificilmente conseguirá utilizar as verbas por causa de constrangimentos administrativos, disse em outubro último à Lusa o subdiretor do organismo.
"É um valor meramente indicativo, não é real, a Cinemateca nunca vai conseguir utilizar as verbas devido às cativações. Não podemos olhar apenas para o orçamento, mas também para a Lei do Orçamento que mantém os constrangimentos e é um espartilho tão grande ou maior", sublinhou, na altura, o subdiretor da Cinemateca, Rui Machado.
Em setembro, José Manuel Costa dava conta à agência Lusa do estado financeiro do Museu do Cinema com dados efetivos de 2017: O orçamento de receita aprovado foi de 3,8 milhões de euros, dos quais só foi possível gastar efetivamente 3,4 milhões de euros, devido às cativações operadas e aos efeitos das leis de contratação de pessoal em vigor.
Em entrevista à Lusa a propósito dos 70 anos da Cinemateca, José Manuel Costa falava numa "luta pela sobrevivência" e que a solução podia passar pela transformação numa fundação pública.
"Estamos a lutar pela sobrevivência, quando devíamos estar a responder a novos desafios e a uma dinâmica de conjunto que está a evoluir muito depressa. As cinematecas estão a mudar, o contexto digital mudou muita coisa, todo o panorama de trabalho é bastante diferente (...) e não estamos a poder usar o nosso próprio potencial", lamentou.
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