“Tudo o que estiver ao meu alcance para construir melhores pontes entre Portugal e Brasil em todos os domínios, farei. Há uma preocupação de ir mais longe na cooperação e sentimos que o Brasil está numa onda de, em conjunto, olharmos para os desafios do futuro”, disse.
O chefe de Estado português falava aos jornalistas no final da tarde de domingo, na Embaixada de Portugal em Brasília, antecipando o encontro que hoje tem agendado no Palácio da Alvorada com o seu homólogo brasileiro, Jair Bolsonaro.
O encontro será o derradeiro ponto do programa de quatro dias de Marcelo Rebelo de Sousa no Brasil a pretexto da reinauguração, em São Paulo, do Museu da Língua Portuguesa, que estava encerrado desde 2015 devido a um incêndio.
“Há toda uma comunidade brasileira em Portugal que cresce todos os dias e que é um desafio enorme para os dois países e há uma comunidade de portugueses” no Brasil que “é outro desafio”, acrescentou, apontando uma agenda vasta de temas, que vão desde a economia à cooperação sanitária, a serem tratados durante o encontro com Jair Bolsonaro.
“A nossa expectativa é que exista uma delegação brasileira que permita tratar áreas diversificadas”, disse.
O chefe de Estado português destacou também a abordagem da comemoração conjunta dos 200 anos da independência do Brasil, que se assinalam no próximo ano e às quais Portugal foi convidado a associar-se.
Também em 2022 e neste contexto, Portugal será o país homenageado na Bienal do Livro de São Paulo.
O Presidente português chega ao encontro com o homólogo brasileiro depois de reuniões com antigos chefes de Estado - Michel Temer, Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso.
O encontro com Lula da Silva, na residência do Cônsul de Portugal em São Paulo, gerou mau estar entre a comunidade portuguesa.
Elementos da comunidade portuguesa ouvidos pela agência Lusa, que pediram anonimato, lamentam, por um lado, a escolha do local para a realização do encontro, considerando que “é simbólico”, e por outro, o facto do chefe de Estado português se ter encontrado com o antigo presidente brasileiro invocando o seu envolvimento em questões judiciais.
Marcelo Rebelo de Sousa considerou que “esta rápida” deslocação, retrata “o momento melhor” das relações de Portugal com o Brasil, que, segundo disse, “independentemente das diferentes sensibilidades, no seu todo abraça Portugal”.
Neste contexto, explicou que “foi muito útil” ter-se encontrado com os antigos chefes de Estado e ter podido “ouvir e registar” o que pensam sobre as relações entre Portugal e o Brasil, o Mercosul e a União Europeia ou o papel de Portugal e Brasil na comunidade lusófona (CPLP).
“É muito importante quando se tem a oportunidade de ter estes interlocutores, além dos interlocutores oficiais”, disse.
Durante a visita, o Presidente português teve oportunidade ainda de ouvir preocupações da comunidade portuguesa no Brasil que, no contexto da pandemia de covid-19, se prendem sobretudo com o não reconhecimento na Europa das vacinas administradas no Brasil, tendo assegurando que decorrem negociações para tentar chegar a um acordo de reconhecimento mútuo entre os dois países.
No domingo, num encontro com a comunidade portuguesa de Brasília, Marcelo Rebelo de Sousa, sublinhou o papel dos portugueses no reforço das relações entre os dois países e deixou a garantia de que no próximo ano visitará novamente o Brasil.
* Por Cristina Fernandes Ferreira (Texto) e António Cotrim (Fotos), enviados da agência Lusa
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