"Sendo Presidente da República, estou como peregrino. Estarei na procissão das velas como peregrino, estarei na missa como peregrino. E quem aqui quis vir sabe que aceita as regras de peregrino", declarou Marcelo Rebelo de Sousa, numa curta entrevista à RTP, durante o Telejornal.
Referindo-se à presença do primeiro-ministro, António Costa, em Fátima, acrescentou: "Mesmo o senhor primeiro-ministro e família, que aqui estão, independentemente de comungarem ou não de uma determinada fé, sabem, como eu sei, que neste momento já não há representação do Estado, há peregrinação espiritual".
Depois desta entrevista, Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa assistiram lado a lado à chegada do Papa à Capelinha das Aparições, para a Procissão das Velas.
Nesta entrevista, que durou menos de cinco minutos, o jornalista Vítor Gonçalves perguntou ao Presidente da República pelo conteúdo da conversa que teve hoje com o Papa Francisco, na Base Aérea de Monte Real, em Leiria, mas Marcelo Rebelo de Sousa nada adiantou, retorquindo: "E acha que eu ia contar-lhe?".
O chefe de Estado considerou que esta visita do líder da Igreja Católica "tem corrido muitíssimo bem, correu bem desde a chegada", e que o Papa tem mostrado "uma grande vivacidade física e espiritual, e sobretudo enlevado por aquilo que viu logo à chegada, e depois pela multidão que veio ao longo do caminho" até ao Santuário de Fátima.
Questionado se em algum momento a diplomacia portuguesa procurou tornar esta visita apostólica numa visita de Estado, respondeu que "não, nunca", que isso "esteve sempre fora de causa" e logo quando visitou o Vaticano, há cerca de um ano, ficou claro que, a existir, esta "seria sempre uma peregrinação, seria sempre uma visita espiritual".
"É evidente que ele é chefe de Estado. Por isso, foi recebido com honras militares, e por isso é que houve o hino da Santa Sé e o hino de Portugal. E por isso é que as autoridades do Estado tinham de estar lá, e estarão amanhã, na despedida. Agora, tirando esses momentos, eu estou aqui como peregrino também", disse.
Sobre a ação deste Papa, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que Francisco "é inspirador para o exercício de qualquer chefe de Estado, chefe de Governo, político, ou qualquer cidadão, porque é um testemunho espiritual único, de serviço daqueles que mais precisam, de disponibilidade, de atenção às periferias".
"No fundo, às zonas de pobreza, de dependência, de exclusão, de marginalização. Nesse sentido, eu penso que qualquer governante de qualquer ponto do mundo é sensível e admira a mensagem do Papa", completou.
O Papa Francisco foi hoje recebido com entusiasmo por milhares de pessoas em Fátima, onde fez, em silêncio, uma longa oração junto à imagem de Nossa Senhora de Fátima, e pediu a "concórdia entre todos os povos".
Jorge Mario Bergoglio, que no sábado vai canonizar os pastorinhos Francisco e Jacinta, chegou às 16:10 à base de Monte Real, sendo recebido pelas três principais figuras do Estado - o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o primeiro-ministro, António Costa, e o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues.
Francisco é o quarto Papa a visitar Fátima. Os anteriores papas que estiveram no maior templo mariano do país foram Paulo VI (1967), João Paulo II (1982, 1991, 2000) e Bento XVI (2010).
Comentários