"Eu não mudo", afirmou o Presidente da República, em declarações aos jornalistas, no final de uma visita à Escola Básica e Integrada Gaspar Frutuoso, na Ribeira Grande, na ilha de São Miguel, nos Açores.
O chefe de Estado descreveu-se como uma pessoa "muito serena e tranquila", na aparência e na realidade, e acrescentou: "Por detrás disso, sou muito determinado naquilo que são as linhas do mandato, que, aliás, correspondem àquilo que recebi dos eleitores na base do que me comprometi a fazer na campanha eleitoral. Portanto, não vai haver mudanças".
Questionado se tem um novo papel nesta etapa da vida política nacional, respondeu: "É sempre o mesmo. O Presidente, do princípio até ao fim do mandato, tem sempre exatamente os mesmos poderes, não mudam, a Constituição é a mesma, tem a mesma leitura dos poderes, não muda".
Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou que mantém "a mesma exigência" na procura de que haja "compromissos nacionais de regime, quando for possível", de que "o Governo seja forte e governe e dure a legislatura" e que também "a oposição seja forte e constitua uma alternativa para o caso de os portugueses no momento das eleições - que decorrem ainda no mandato presidencial - quererem escolher uma outra solução de governo".
O Presidente da República disse ainda que continua com a mesma linha "no domínio das relações internacionais" e na preocupação com "a descrispação, o diálogo social, a concertação social", concluindo: "Foi assim, é assim, será assim. Eu não mudo".
Interrogado sobre declarações do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, contra divisões nas políticas de combate aos incêndios, Marcelo Rebelo de Sousa declarou que essa tem sido a sua posição.
"Tenho apelado a um consenso, um pacto, uma convergência de regime sobre essa matéria. Se for possível haver essa convergência sobre o plano de emergência, sobre a solução que vier a ser adotada, o mais rápido possível, mas devidamente estudada, sobre prevenção e combate, e também sobre a floresta, eu acho que isso era muito bom para o país", considerou.
Em termos de prioridades da ação política, segundo o chefe de Estado, "o grande desafio do ano e meio que passou foi o desafio orçamental e, com ele, o desafio, porventura às vezes mais difícil da estabilização e consolidação do sistema bancário, que foram vencidos - embora esta vitória tenha de ser construída todos os dias".
Agora, "o grande desafio" continua a ser "de crescimento económico e de criação de emprego, o que significa maior justiça social", mas "ao mesmo tempo, fazer face a problemas que irromperam e um deles como uma prioridade política óbvia, que é o da floresta".
Ou seja, "o acento tónico, muda", mas, "dentro disso, o Presidente está sempre na mesma linha, na mesma orientação", resumiu.
Os jornalistas perguntaram-lhe sobre o estado das suas relações com o primeiro-ministro, António Costa, com quem não se reuniu esta semana por se encontrar nos Açores, mas o Presidente da República nada quis dizer.
Quanto ao seu estado de espírito, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou: "Eu sou um otimista realista, nunca deixo de ser otimista e nunca deixo de ser realista. Comecei assim o mandato, termino assim o mandato".
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