Em declarações aos jornalistas após ter discursado, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que é preciso "alargar os participantes" da discussão sobre como alcançar a paz na Ucrânia.
Para o presidente devem fazer parte desta discussão "todas as partes envolvidas", sinalizando desta forma a ausência da Rússia nesta Cimeira da Paz.
"Tratar da troca de prisioneiros, do regresso dos deportados, de questões humanitárias, de questões que envolvem a saída dos cereais do local de produção... É muito difícil tratar deste conflito de forma pacífica e duradoura sem estarem todos os envolvidos", disse Marcelo.
Apesar de considerar que a conferência foi um sucesso, “pela sua representatividade”, sublinhou que “este é um passo, há outros passos, e nos outros passos é bom que haja o alargamento a novos parceiros". Ainda assim, reforçou Marcelo, “é imparável esta via, este caminho, este passo que foi dado hoje”.
O Presidente da República português salientou ainda o custo enorme deste conflito em todo o mundo.
Questionado ontem à noite sobre os próximos passos a serem dados num processo que, a determinado momento, terá de envolver a Rússia, o chefe de Estado observou, em declarações aos jornalistas, que “ainda não se apontou precisamente para a etapa seguinte”.
“Há várias propostas quanto à etapa seguinte, vamos esperar para ver qual é aquela que vai ser adotada, no tempo adequado”, disse, sublinhando antes que “todos têm noção de que era preciso haver um primeiro momento, e a Suíça, há que agradecer, proporcionou este momento”.
“É preciso a seguir haver outros momentos, e é importante ouvir aqui países que é evidente que têm uma relação com todas as partes envolvidas, e não apenas com uma, designadamente do mundo árabe, e todos com uma ideia importante: se for possível [a paz] ser mais rápido do que mais lento, melhor”.
A concluir, Marcelo, acompanhado do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, reforçou que esta cimeira “é um primeiro passo no caminho para a paz, haverá outros passos a seguir, mas este é muito importante porque era o primeiro e ter esta representatividade e esta convergência é muito positivo”.
A conferência para a paz na Ucrânia, organizada pela Suíça na sequência de um pedido de Zelensky, junta representantes de quase uma centena de países e organizações - metade dos quais da Europa -, mas são várias as ausências (haviam sido dirigidos convites a 160 delegações de todo o mundo).
O grande ausente é a Rússia, que ainda na sexta-feira exortou os Estados-membros das Nações Unidas a não participarem na conferência, a qual considerou "provocativa e absolutamente inútil", acusando ainda a Suíça de perder a neutralidade ao alinhar-se com as sanções europeias a Moscovo após a ofensiva militar lançada na Ucrânia em fevereiro de 2022.
Destaque também para a ausência da China, um dos grandes aliados de Moscovo e vista como intermediária fundamental para futuras conversações de paz, que rejeitou participar dada a ausência da Rússia, tendo Zelensky acusado Pequim de trabalhar em conjunto com o Kremlin (presidência russa) para sabotar a conferência, ao pressionar países para não participarem.
Kiev espera obter nesta cimeira um largo apoio da comunidade internacional a um plano conjunto de paz, já na perspetiva de uma segunda cimeira, para a qual seria convidada a Rússia, que atualmente ocupa cerca de 20% do território da Ucrânia, na sequência da ofensiva militar lançada em fevereiro de 2022.
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