"Já tive a ocasião de, em vários momentos, ouvir aquilo que as populações pensam sobre esta matéria e ouvir aquilo que a própria empresa pensa. Portanto, não me quero pronunciar neste momento sobre ela, acompanho-a, sei que há uma situação jurídica, contratual que tem um prazo determinado e deixo que os órgãos competentes se pronunciem", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações à margem da cerimónia de apresentação do projeto de reconversão do Matadouro Industrial de Campanhã, no Porto.
Quando questionado sobre se considerava ser aceitável que em 2019 cerca de 400 mil portugueses possam ficar sem estações de CTT, o chefe de Estado voltou a reiterar que "não queria estar a pronunciar-se", sublinhando que não cabe ao Presidente da República pronunciar-se quando há outros órgãos do poder político que têm competência para isso.
Segundo avançou o jornal Público, o primeiro-ministro, António Costa, está a ser pressionado por setores do seu próprio partido a prometer a reversão da privatização do serviço postal dos CTT, nomeadamente pelas federações do Porto e do Algarve.
O líder da Federação Distrital do Porto do PS, Manuel Pizarro, afirmou hoje aos jornalistas, à margem da mesma cerimónia, que "a gestão privada da empresa já teve oportunidade para mostrar o que vale, neste caso para mostrar o que não vale", impondo-se, por isso, que o Estado tenha parte do capital da empresa.
"A verdade que é alguns anos passados sobre a decisão, do nosso ponto de vista muito irresponsável, de privatizar totalmente o capital do CTT, o que nós verificamos é que o serviço postal universal está a ser prestado em condições muito deficientes. Isso é muito sério porque põe em causa a coesão territorial e a coesão social, isto é, são os que mais precisam que mais são prejudicados", disse Manuel Pizarro.
O socialista não defende, contudo, a nacionalização dos CTT, considerando que a gestão de parte do capital serve o propósito garantir que o serviço postal universal é prestado em condições adequadas.
De acordo do com o jornal Público, a Anacom - Autoridade Nacional de Comunicações prevê que o número de concelhos sem estações de correio suba para 48 no curto prazo, o que corresponde a 15,6% do número total de concelhos, onde residem mais de 411 mil habitantes.
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