“Em primeiro lugar ninguém tem certeza absoluta sobre a evolução da pandemia. A Organização Mundial de Saúde admite, no caso da Europa, que há um grau de imprevisibilidade quanto à evolução da pandemia nas próximas semanas e até nos próximos meses”, começou por dizer o chefe de Estado.
O Presidente da República, que falava aos jornalistas após visitar a Escola Básica e Secundária Fontes Pereira de Melo, no Porto, marcando o fim do ano letivo, respondia à possibilidade levantada pelo Reino Unido de travar a entrada de cidadãos portugueses.
Marcelo Rebelo de Sousa frisou que a “Europa não tem podido chegar a acordo relativamente a critérios comuns no domínio da abertura das fronteiras” o que quer dizer que “cada Estado toma decisões que vão mudando com o tempo em função da sua visão da situação interna e da situação externa e que muitas vezes são mais complicadas do que aquilo que parece”.
O PR referiu depois que em alguns estados foi noticiado que havia limitações “de acesso de portugueses a esses estados, quando verdadeiramente o que havia era limitação de acesso a partir de alguns aeroportos, fossem portugueses ou não aqueles que viajavam e que, entretanto, foram mudadas, nalguns casos aligeiradas”.
“Portanto, as notícias que chegam todos os dias significam que, mesmo na União Europeia não há critério homogéneo, por maioria de razão, o Reino Unido, já não pertence à União Europeia, logo o estar a comentar casuisticamente implica, primeiro, olhar para a evolução dessas decisões, que em muitos casos mudam todos os dias. Em segundo lugar ter de verificar, infelizmente, que não é possível haver um critério europeu”, disse.
Sobre o facto de ter ficado a saber-se hoje que o RT [número de reprodução da covid-19] em Portugal ter atingido o 1.19, o mais elevado dos 27 da União Europeia, o chefe de Estado começou por aludir à “nota do Ministério dos Negócios Estrangeiros que repôs a verdade sobre uma notícia divulgada por um jornal muito prestigiado do país vizinho e que dizia que toda a Grande Lisboa estava confinada”.
“Foi esclarecido, tal como ontem [quinta-feira] já tinha sido esclarecido que se mantinha apenas o estado de calamidade num número limitado de freguesias da Grande Lisboa. Em todas as restantes havia a transição para um estado de menor gravidade, concretamente o estado de alerta”, salientou.
E prosseguiu: “como sabem, o R é medido todos os dias. Na sessão epidemiológica que decorreu há dois dias o R que foi comunicado era de 1.08. Não tenho os dados do R, porque estive no Porto, do R de ontem [quinta-feira) e de hoje, que varia de dia para dia”.
Marcelo Rebelo de Sousa partiu depois para comparações externas, citando o que se passou “num país tão importante e tão experimente em matéria de saúde pública como a Alemanha” em que “houve flutuações de R de um ponto muito para 2.88 num espaço de dois dias”.
Lembrando que, depois “regressou para um ponto muito” escusou-se a comentar “aquilo que possa ser o R de hoje, que é calculado dia a dia e que dá o retrato do que tem sido nos últimos tempos, das últimas duas semanas, ligeiramente abaixo, há mais tempo, de 1 e, há duas semanas, ligeiramente acima de 1. Ligeiramente acima de 1 tem sido 1.05, 1.08, porventura poderá ter sido 1.19, mas poderá ser hoje menos”.
E conclui: “mas de qualquer caso, longe daquilo que foi na fase inicial, admitindo-se hoje que terá sido claramente acima de 2, [entre] os 2.8 e os 2.88″.
Sobre a visita à escola, Marcelo Rebelo de Sousa “reconheceu que não foi o final de ano letivo perfeito, mas nem o podia ser nas condições em que vivemos”, destacando, ainda assim, como “positivo” o “esforço para evitar ao máximo as passagens administrativas”.
Portugal contabiliza pelo menos 1.555 mortos associados à covid-19 em 40.866 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).
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