Marcelo Rebelo de Sousa falava na sessão de encerramento do seminário "Crescimento da Economia Portuguesa - O deve e o haver do 'Projeto Porter'", organizado em Lisboa pela associação Fórum para a Competitividade, sobre o relatório elaborado nos anos 90 pelo norte-americano Michael Porter acerca da economia portuguesa.

Num discurso de 20 minutos, o chefe de Estado questionou: "Será possível e, a sê-lo, será fácil um maior crescimento da nossa economia nos anos que se seguem?".

No seu entender, responder que isso "dependerá totalmente da dimensão da desaceleração europeia e mundial" corresponde a "uma atitude mental passiva, vencida à partida, resignada a conter dano, a minimizar prejuízos".

"Pelo contrário, o que temos de visar como objetivo é crescer e crescer mais. Crescer o mais possível, para convergirmos com a média europeia. E, mais ainda, não nos satisfazermos com essa aproximação apenas porque as economias mais ricas pontualmente estão a crescer menos", contrapôs.

Marcelo Rebelo de Sousa apelou a que se aposte em "metas mais ambiciosas, sabendo do mar de obstáculos a enfrentar, mas criando melhores condições para a produtividade e a competitividade".

Antes, o Presidente da República defendeu que "os setores social e privado nunca podem ser ignorados, nem minimizados" e que é necessário "criar um clima mais propício" para a atividade das empresas em Portugal.

"Orçamento após Orçamento, tenho indicado no momento da promulgação como continua insuficiente essa criação de condições acrescidas a um setor em que, entre nós, existe um peso esmagador de micro, pequenas e médias empresas - setor que merece que se vá muito mais longe em termos de incentivo ao investimento", disse.

No que respeita ao crescimento, o chefe de Estado advertiu para a hipótese de Portugal se deixar ultrapassar por "economias antes menos competitivas" e cair "para a cauda da listagem dos Estados-membros" da União Europeia, ainda que conseguindo aproximar-se da média europeia, graças à queda de grandes economias.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, essa seria uma "posição estranha, feita de mistura de consolação e de incómodo".

"O que nos importa é outra visão: temos de crescer tanto mais quanto connosco arrastarmos ainda uma dívida global e uma dívida pública muito pesadas e isso nos limitar passos mais afoitos em termos de competitividade e de disponibilização de recursos, para melhorarmos estruturas degradadas nos sistemas sociais, garantindo condições de efetivo combate à pobreza, correção de desigualdades e maior justiça social", insistiu.

Marcelo Rebelo de Sousa frisou a ideia de que está em causa uma questão de "atitude mental", pela ambição, contra a resignação: "É aparentemente mais realista, mas também mais conformista, menos mobilizadora e não nos leva a grande lado".

"Para mobilizar uma pátria afigura-se muito tímido, muito curto, claramente aquém daquilo que podemos e devemos sonhar", reforçou.

O Presidente da República terminou a sua intervenção afirmando que este é um momento de escolhas, numa alusão às eleições deste ano, europeias, em maio, regionais da Madeira, em setembro, e legislativas, em outubro.

"É tempo de nos interrogarmos acerca dos anos que se seguem. Há que fazer opções. Aos portugueses, a todos eles, compete parar, refletir, ponderar e escolher. E aí a sua palavra será determinante", afirmou, acrescentando que "é o povo quem mais ordena".

[Notícia atualizada às 21h13]