A visita do chefe de Estado português será de apenas cerca de quatro horas, limitada à cidade da Praia, contrariamente ao que chegou a estar previsto há cerca de um mês, devido à evolução da pandemia de covid-19 no arquipélago, nomeadamente na capital cabo-verdiana, com recordes quase diários de novos casos da doença.

Marcelo Rebelo de Sousa é esperado no aeroporto internacional da Praia depois da 12:00 (14:00 em Lisboa) e segue para o Palácio Presidencial, onde vai manter uma reunião e almoço de trabalho com o Presidente cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, com ambos os chefes de Estado a prestarem declarações aos jornalistas no local.

Durante a tarde estão previstos encontros de Marcelo Rebelo de Sousa com o presidente da Assembleia Nacional, Jorge Santos, e com o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, antes de seguir viagem, depois das 16:00 (18:00) para a Guiné-Bissau, onde estará em visita oficial.

A visita de Marcelo Rebelo de Sousa a Cabo Verde acontece depois de 24.000 doses de vacinas contra a covid-19 doadas por Portugal terem chegado, na madrugada de sábado, à Praia, além do apoio médico que o INEM vai prestar em hospitais do arquipélago, para reforço da capacidade.

O Presidente cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, disse na sexta-feira que prevê abordar as relações na área da Saúde, nomeadamente a vacinação contra a covid-19 em Cabo Verde, durante a receção ao homólogo português.

Numa nota divulgada pelo chefe de Estado, Jorge Carlos Fonseca disse que vai manter um encontro com Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio Presidencial, na cidade da Praia, seguido de um almoço de trabalho, prevendo ainda falar sobre a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), cuja presidência rotativa Cabo Verde entrega a Angola em julho.

“Espero podermos dialogar sobre diferentes assuntos das relações entre Portugal e Cabo Verde (nomeadamente, no âmbito da Saúde, cooperação no contexto do combate à covid-19, vacinação) mas também atinentes à CPLP, tendo em vista a próxima Cimeira de Chefes de Estado, em Luanda, e à situação política e outra nos nossos países”, anunciou o Presidente cabo-verdiano, que termina o seu segundo e último mandato em outubro próximo.

Esta será a quarta deslocação oficial do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a Cabo Verde, sem contar com escalas.

Durante o primeiro mandato, Marcelo Rebelo de Sousa fez uma visita de Estado ao país, em abril de 2017, participou na cimeira da CPLP, na ilha do Sal, em julho de 2018, e comemorou o 10 de Junho de 2019, com visitas às ilhas de Santiago e São Vicente.

Visita oficial a Guiné-Bissau

Marcelo Rebelo de Sousa inicia hoje à tarde a sua primeira visita oficial à Guiné-Bissau enquanto Presidente da República, com um programa intenso, que inclui encontros institucionais, com a comunidade portuguesa e uma homenagem aos antigos combatentes portugueses.

"Vou à Guiné-Bissau, para onde tinha convite já muito antigo", afirmou na semana passada o chefe de Estado português, que em outubro de 2020 recebeu em Lisboa o Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, também em visita oficial.

Marcelo Rebelo de Sousa tem chegada a Bissau prevista para hoje ao final da tarde, vindo de Cabo Verde, e estará na capital guineense até ao fim do dia de terça-feira.

Hoje tem um encontro com representantes da comunidade portuguesa, numa unidade hoteleira. Estimativas oficiais indicam que vivem na Guiné-Bissau cerca de 2.500 portugueses, mas muitos não estão permanentemente no país.

O programa concentra-se na terça-feira, com uma série de encontros institucionais, a começar pelo seu homólogo, Umaro Sissoco Embaló, que o receberá no Palácio da Presidência, em Bissau, para um encontro seguido de declarações à imprensa e de um almoço.

Antes, o Presidente português irá à Fortaleza Amura depositar coroas de flores nos túmulos de Amílcar Cabral e João Bernardo "Nino" Vieira, em homenagem aos heróis da luta da independência.

Após o encontro com o chefe de Estado guineense, o programa inclui uma homenagem aos antigos combatentes portugueses da guerra colonial sepultados no cemitério de Bissau - onde há três anos esteve o presidente do PSD, Rui Rio, numa visita à Guiné-Bissau por ocasião do Dia de Portugal concertada com Marcelo Rebelo de Sousa, que assinalou esse 10 de Junho de 2018 em Cabo Verde.

Depois, o chefe de Estado e Estado português irá reunir-se com o presidente do parlamento, Cipriano Cassamá, e líderes das bancadas parlamentares. O último ponto desta visita será um encontro com o primeiro-ministro guineense, Nuno Gomes Nabiam, no Palácio do Governo, em Bissau.

A Guiné-Bissau foi a primeira colónia portuguesa em África a tornar-se independente. A independência foi proclamada unilateralmente em 24 de setembro de 1973, decorrida uma década de luta armada, e reconhecida por Portugal um ano mais tarde, a seguir ao 25 de Abril, em 10 de setembro de 1974.

Mário Soares foi o último Presidente português a realizar uma visita oficial à Guiné-Bissau, em 1989.

Em entrevista à RTP, na quinta-feira, respondendo a protestos contra esta visita, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que acontece "na sequência de uma eleição presidencial [de Umaro Sissoco Embaló, em dezembro de 2019] que foi reconhecida por missões da União Europeia e outras missões internacionais", acrescentando: "Nunca tive dúvidas nenhumas em ir".

"Se a política externa circunscrevesse o relacionamento entre Estados àqueles que perfilham sempre e apenas a nossa conceção de sistema político económico e social, eu não tinha ido a muitos países a que fui - eu e os meus antecessores todos - nem tinha recebido chefes de Estado de países que foram recebidos por mim e pelos meus antecessores. Por maioria de razão, sendo um país da CPLP", argumentou.