Na sua intervenção no debate geral da 73.ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, Marcelo Rebelo de Sousa reiterou o apoio de Portugal à ação e às prioridades do secretário-geral desta organização, António Guterres, "no seu lúcido, dinâmico e excecional mandato".
O chefe de Estado enfatizou a defesa por parte de Portugal do "multilateralismo reforçado, sempre", acrescentando: "Por isso, não compreendemos a tentação unilateralista, bem como o desinvestimento nas organizações internacionais. Representam uma falta de visão política que corre o risco de repetir os erros de há quase cem anos".
Marcelo Rebelo de Sousa apontou como outras "questões estruturais" para Portugal a reforma das Nações Unidas, as operações de prevenção de conflitos e manutenção de paz, o combate ao terrorismo, a concertação sobre migrações e refugiados, o papel do Tribunal Penal Internacional, os oceanos e a segurança marítima e o combate às alterações climáticas.
Com António Guterres na Mesa da Assembleia Geral, o Presidente da República referiu-se em particular ao combate às alterações climáticas, considerando que "é uma justíssima luta do secretário-geral" e "uma justíssima luta de todos".
"Para nós, uma questão estrutural, em que não mudamos com modas e protagonistas de curto prazo", afirmou.
Segundo o Presidente da República, existem "duas visões diferentes sobre a realidade universal: uma de curto prazo, é unilateralista ou minilateralista, protecionista, virada para um discurso interno eleitoralista, que minimiza o multilateralismo em tudo o que seja desenvolvimento sustentável".
Esta visão "nega as alterações climáticas", é "contra os pactos globais sobre migrações e refugiados e está, sobretudo, atenta à prevenção nos conflitos e na manutenção da paz onde e quando, pontualmente, lhe interessa, e interessa, sobretudo, em termos de poder económico mais do que político", completou.
"Uma outra visão, que é a nossa, é multilateral, aberta, favorável a uma crescente governação global, empenhada no desenvolvimento sustentável, olhando para o direito internacional, a Carta e os direitos humanos como valores e princípios e não como meios ou conveniências", contrapôs.
Marcelo Rebelo de Sousa disse acreditar que, "no médio e longo prazo", esta última visão "vencerá, como venceu na União Europeia, que tem dado à Europa o maior período de paz de que há memória e os mais elevados níveis de bem-estar e proteção social".
"Visões de curto prazo, por muito apelativas que pareçam ser, constituem um fogo-fátuo, que não dura, não durará, não resolverá os verdadeiros problemas do mundo", reforçou.
No final do seu discurso, o chefe de Estado citou o antigo Presidente sul-africano Nelson Mandela: "Uma preocupação permanente com os outros, na nossa vida como na da nossa comunidade, muito contribuiria para termos um mundo melhor, com o qual tanto sonhamos".
Falando em inglês, acrescentou que "esta é a nobre missão desta instituição, esta é também a razão do profundo empenhamento de Portugal nas Nações Unidas", uma organização que constitui "uma necessidade universal duradoura", defendeu.
Comentários