Em declarações aos jornalistas, na Base Aérea de Monte Real, em Leiria, Marcelo Rebelo de Sousa falou ainda sobre a conversa que teve com o papa, antes da sua partida para Roma: "As últimas palavras que trocámos foram ele a dar-me força e eu a dar-lhe força".
"E ele precisa mais de força do que eu, porque a tarefa dele é que é verdadeiramente mais importante, porque há tantos conflitos nos quais ele está pessoalmente empenhado como mediador, e a Santa Sé, que nada do que importante no mundo lhe escapa", acrescentou.
Segundo o Presidente da República, o líder da Igreja Católica, "no avião, vai agora trabalhar com uma pastinha numa série de questões internacionais, porque sente que tem um papel a cumprir, muitas vezes com sucesso, outras vezes com menos sucesso, mas que ninguém mais pode cumprir".
Marcelo Rebelo de Sousa descreveu esta visita apostólica do papa como uma "operação dificílima e muito complexa" e agradeceu a todas as estruturas do Estado que contribuíram para a pôr de pé, autarquias, Forças Armadas, e também à Igreja Católica, considerando que "condensar isto em menos de 24 horas é muito difícil".
Depois, dirigiu "uma palavra muito especial" ao núncio apostólico em Portugal, Rino Passigato, que disse ter sido um aliado, "às vezes secreto", adiantando: "Eu hoje posso talvez dizer-vos que houve projetos bem mais limitados para Sua Santidade estar cá apenas umas horas, no dia 13. E nós contámos com grandes aliados para a esticar para dia 12, e ainda bem".
De acordo com Marcelo Rebelo de Sousa, o papa "ficou muito impressionado com o que viu" em Fátima, "foi dizendo que ultrapassou todas as expectativas", e "como que rejuvenesceu" de sexta-feira para hoje: "Como vinha fatigado ontem e como saiu hoje, era outra pessoa".
"Estava muito impressionado com o calor das pessoas, mas um calor ponderado, moderado, sentido", prosseguiu.
O Presidente referiu que o papa ficou "muito feliz também com o tempo" que fez.
"Foi dizendo que tivemos uma ajuda lá de um amigo de cima, porque realmente não choveu. E eu disse: 'Ó santidade, choveu um bocadinho, ontem [sexta-feira], mas foi na altura em que já não estava, foi na altura da comunhão, na missa'", relatou.
Questionado se ficou combinada alguma outra visita oficial do papa, respondeu que não, e realçou que o líder da Igreja Católica não faz muitas visitas, "por razões óbvias de agenda, de saúde, e por razões de programação complicada".
"Para todos os portugueses foi, de facto, um momento único, porque tivemos uma oportunidade que muitos países, muitos povos gostariam de ter tido e que não tiveram, e poderão não vir a ter. E Portugal teve, e mostrou que era justificada essa oportunidade", considerou.
Marcelo Rebelo de Sousa deixou um "agradecimento aos portugueses", que, no seu entender, foram "excecionais, crentes e não crentes".
"Os crentes, na forma massiva como se empenharam e aderiram e estiveram em Fátima ou não estiveram, mas acompanharam. Os não crentes pelo respeito que revelaram e, em muitos casos, a admiração pessoal, independentemente da fé, pelo papa", completou.
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