“É uma decisão soberana das autoridades moçambicanas, não me posso pronunciar sobre isso”, referiu Marcelo Rebelo de Sousa, reiterando uma posição genérica: “A melhor forma de combater a insegurança, a destabilização, venha de onde vier e seja qual for a motivação, é investir, ocupar o terreno, não o deixar vazio”.

O Presidente português falava aos jornalistas antes de receber delegações dos partidos moçambicanos, no seu último dia de visita ao país.

Nos encontros, Lutero Simango, líder parlamentar do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) defendeu que Moçambique “deve pedir o envolvimento da comunidade internacional”, considerando que “só por si não terá capacidade para resolver o conflito”.

André Magibire, secretário-geral da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), referiu que é trabalho do Estado e do Governo “esclarecer o povo moçambicano e a comunidade internacional sobe o que efetivamente está a acontecer em Cabo Delgado”.

“Os nossos concidadãos estão a morrer e ninguém reclama, nem se sabe quem está a atacar”, concluiu.

Marcelo Rebelo de Sousa não falou após as reuniões com os partidos, mas já durante o dia tinha sido confrontado com a questão, defendendo uma aposta no investimento no terreno, como forma de o ocupar e travar insegurança.

O pior que pode acontecer, considerou, é entrar num ciclo vicioso, em que não se investe por falta de segurança.

“A posição portuguesa é a oposta”, sublinhou, apelando a que, onde seja possível, se possa “avançar, investir, estar presente”: “Nós estamos e essa é a grande lição da presença em força de Portugal neste momento, no início deste novo ciclo político e económico”, em Moçambique.

“Nós não reagimos como meros analistas e comentadores, que têm todo o tempo do mundo para pensar qual será o cenário ideal para se avançar. A posição portuguesa é uma posição política nacional, que é, avançar mesmo e, se for preciso, sozinho” nas áreas de cooperação ou investimento.

Ataques armados na província de Cabo Delgado eclodiram em 2017 protagonizados por residentes, frequentadores de mesquitas consideradas “radicalizadas” por estrangeiros, segundo líderes islâmicos locais com os quais criaram atritos nos anos anteriores.

Nunca houve uma reivindicação da autoria dos ataques, com exceção para comunicados do grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico, que desde junho tem vindo a chamar a si alguns deles, com alegadas fotos das ações, mas cuja presença no terreno especialistas e autoridades consideram pouco credível.

Os ataques já provocaram pelo menos 350 mortos, além de deixar cerca de 60.000 afetados ou obrigados a abandonar as suas terras e locais de residência, de acordo com a mais recente revisão do plano global de ajuda humanitária das Nações Unidas.

A província de Cabo Delgado é aquela onde avançam as obras dos megaprojetos que daqui a quatro anos vão colocar Moçambique no ‘top 10′ dos produtores mundiais de gás natural e onde há algumas empresas e trabalhadores portugueses entre as dezenas de empreiteiros contratados pelos consórcios de petrolíferas.

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