No entanto, segundo Marcelo Rebelo de Sousa, o Plano de Ação 2017-2018 aprovado pelo Governo no final de novembro inclui "um número pequeno de casas por ano, são 20 casas disponibilizadas por ano, é pouco para tanta gente".

"Mas vamos ver se se alarga, por acordo com as câmaras, ao longo dos próximos anos. Vamos ver", declarou aos jornalistas, referindo que "a própria secretária de Estado disse que é preciso ainda ampliar o que lá vem".

O chefe de Estado esteve neste centro da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa durante cerca de uma hora e meia, juntamente com o novo provedor desta instituição, Edmundo Martinho, e com a secretária de Estado da Segurança Social, Cláudia Joaquim.

Marcelo Rebelo de Sousa conversou com vários utentes deste centro, e mais longamente com Maria Adélia Ferreira Barbosa, de 79 anos, que se aproximou dele para lhe ler duas cartas, uma sobre o Natal e outra pedindo "ocupações válidas para o futuro" dos jovens que ali fazem refeições.

"Comem, vão para a rua, sem esperança, sem sonhos para construírem as suas vidas. Precisam de regras, precisam de disciplina. Há tanto trabalho, doutor, a fazer nesta cidade e em todo o país. Fico triste, senhor Presidente, quando olho ao redor, e os vejo parados, como se a vida tivesse acabado para eles", dizia a carta.

Enquanto os dois conversavam, os jornalistas perguntaram a Marcelo Rebelo de Sousa qual era o objetivo desta sua visita, e foi Maria Adélia quem respondeu: "O objetivo é colaborar, aperfeiçoar e dar a mão a quem precisa".

"Ora bom, está resumido - e numa altura em que acabou de ser aprovado o plano para o próximo ano, acaba de ser aprovado pelo Governo", prosseguiu o chefe de Estado, considerando que esse documento "é um pouco um símbolo de um novo arranque".

O Presidente destacou a definição de "áreas prioritárias, como, por exemplo, a habitação, e com uma colaboração muito intensa com as câmaras, com as instituições sociais", e referiu que "pela primeira vez se faz um cálculo financeiro".

"Vamos lá ver se isso é suficiente, sabendo, em cada ministério, em cada instituição, quanto pode ser gasto e como pode ser gasto. Vamos lá ver se, finalmente, há aqui um salto em frente", acrescentou.

À saída, Marcelo Rebelo de Sousa reiterou que vê no plano do Governo "um bom arranque para os próximos anos", mas que entende que é preciso ir "mais longe" em matéria de habitação: "Aí teremos de ser mais ambiciosos do que essa meta anual".

Enquanto servia refeições na cantina do Centro de Apoio Social dos Anjos, e, mais tarde, enquanto almoçava, o chefe de Estado foi saudado várias vezes e interrompido com pedidos de fotografias.

Um homem foi ter com ele para lhe agradecer, e depois exclamou, ao longe: "Grande Presidente que a gente tem, é um espetáculo de homem".

O maior elogio, contudo, veio na carta de Maria Adélia, que contou que é parente longínqua do poeta Bocage. "É uma honra a vossa presença nesta santa casa. Preferia chamar-lhe guerreiro, determinado, valente como um Gama e um Cabral. É uma força da natureza. Tem um coração como a Calcutá e um sorriso franco e leal como o papa Francisco".