"Vocês deram passos que, provavelmente, eu falo por mim, teria uma dificuldade imensa em dar. Por isso, tenho admiração por quem deu esses passos. E aquilo que vos peço agora é que, pelo vosso exemplo, puxem para que isto dê certo, para que haja cada vez mais pessoas a terem condições de terem casa, a terem condições para sair da rua", declarou.
Marcelo Rebelo de Sousa passou a tarde a conhecer os projetos "É uma casa", da associação Crescer, e "Casas Primeiro", da Associação para o Estudo e Integração Psicossocial (AEIPS), que proporcionam o acesso a habitações individualizadas como ponto de partida para a autonomização e reintegração social.
Primeiro, foi conhecer as casas de Vera, que agora trabalha num hotel e tirou o dia para o receber, de James, antigo futebolista nascido na Serra Leoa, a quem o Presidente da República prometeu ajudar a tentar recuperar a sua documentação perdida, e de Maria Júlio e Eurico, um casal que se conheceu quando viviam na rua e ele generosamente partilhou com ela uns iogurtes.
Depois de visitar estas habitações, nas imediações do Martim Moniz e do Campo dos Mártires da Pátria, o chefe de Estado foi até à sede da AEIPS, onde ouviu mais uma dúzia de testemunhos de pessoas que agora têm uma morada, por ação daquelas duas associações e da autarquia.
Na presença do Presidente da República, os antigos sem-abrigo falaram sobre a segurança, o conforto, a higiene e o descanso que só uma casa pode dar e deixaram palavras de felicidade e agradecimento à Crescer e à AEIPS, como estas: "Estou agradecida de toda a maneira, porque tenho uma casinha, estou segura".
Explicaram também a Marcelo Rebelo de Sousa o círculo vicioso em que se entra quando se está na rua: "Sem casa não se consegue trabalho, sem trabalho não se consegue casa".
"Ajudem as associações a darem cada vez mais casas, porque há muitos na nossa situação, a quererem a oportunidade de uma casa e não têm", pediram.
Marcelo Rebelo de Sousa dedicou cerca de três horas a estas visitas, acompanhado pela secretária de Estado da Segurança Social, Cláudia Joaquim, e pelo vereador da Câmara de Lisboa Ricardo Robles, que tem os pelouros da Educação e dos Direitos Sociais.Aos jornalistas, realçou "este panorama muito curioso: um vereador do Bloco de Esquerda, uma governante do PS e um Presidente, agora suspenso da filiação, mas do PSD", considerando que "mostra que este é um objetivo nacional".
"O estarmos todos unidos quer dizer que isto é um problema de todos nós. Não é do António, da Maria, da Vera, do James. Não, é um problema de todos", declarou.
O Presidente da República elogiou "as heroínas e a os heróis" da Crescer e da AEIPS que diariamente apoiam os sem-abrigo e defendeu que o dever dos responsáveis políticos é resolver este problema, reiterando que fará tudo para até 2023 "deixar de haver esse flagelo".
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