Colocados no tecto de um camião florido e cobertos com uma manta representando a Cúpula da Rocha de Jerusalém [santuário muçulmano que foi construído no Monte do Templo em Jerusalém]
A televisão estatal iraniana transmite em direto desde o início da manhã um programa especial sobre a homenagem nacional, que deve continuar neste domingo em Machhad, no nordeste, em Teerão, domingo e segunda-feira, depois em Qom, no centro do país, antes do funeral previsto para terça-feira na cidade natal do general Soleimani, Kerman, no sudeste do país.
Cidade no sudoeste do Irão, com uma minoria árabe, Ahvaz é a capital do Khuzistão, uma província mártir na guerra Irão-Iraque (1980-1988), conflito em que o general começou por se evidenciar.
As autoridades declararam três dias de luto nacional. A morte do general Soleimani também parece ter adiado o anúncio de uma nova redução dos compromissos internacionais do Irão em seu programa nuclear, que se previa fosse anunciado nos primeiros dias de janeiro.
A multidão em Ahvaz carrega bandeiras vermelhas (cor do sangue dos "mártires"), verdes (cor do Islão) e brancas decoradas com frases religiosas, além de retratos do general que comandava a força Al Qods, uma unidade de elite da Guarda Revolucionária, o exército ideológico da República Islâmica.
A agência Isna refere uma multidão "inumerável", a agência Mehr, próxima dos ultra-conservadores, um "número incrível" de participantes e a televisão estatal de uma "multidão gloriosa".
As imagens mostram homens e mulheres que choram enquanto batem no peito ao som de um canto xiita: "Você alcançou seu sonho, encontrou o imã Hussein". Neto de Maomé, o imã Hussein é uma das figuras sagradas mais reverenciadas do xiismo, a quem os fiéis costumam se referir como o "senhor dos mártires".
Gritos de "Morte à América" também são repetidos com veemência.
Soleimani, responsável pelas operações externas do Irão e arquitecto da estratégia do seu país no Médio Oriente, e Mouhandis foram mortos na sexta-feira em um ataque americano com drone nos arredores do aeroporto de Bagdad.
A morte de Soleimani, que o Irão prometeu vingar, chocou a República Islâmica e levantou temores de outra guerra no Médio Oriente.
A ameaça de Trump
O presidente americano Donald Trump, que ordenou o assassinato do general, anunciou no sábado que os Estados Unidos selecionaram 52 alvos no Irão e que os atacará "muito rapidamente e com muita força" se a República Islâmica atacar pessoal ou locais americanos.
Alguns desses locais "são de alto nível e muito importantes para o Irão e para a cultura iraniana", escreveu Trump no Twitter. "Se eles atacarem novamente, o que eu recomendo fortemente que não façam, nós os atacaremos com mais força do que nunca!", acrescentou o presidente americano.
Trump sublinhou que o número de 52 alvos iranianos corresponde simbolicamente ao número de americanos mantidos reféns por mais de um ano a partir do final de 1979 na embaixada dos Estados Unidos em Teerão.
E a resposta do Irão
"Visar locais culturais é um crime de guerra", respondeu já o ministro das Relações Exteriores do Irão, Mohammad Javad Zarif, no Twitter. "Tendo violado seriamente o direito internacional" com os "assassinatos cobardes" de Soleimani e Mouhandis, Trump "ainda ameaça cometer novas violações (...) das normas imperativas do direito internacional", para cruzar novas "linhas vermelhas", acrescentou Zarif.
Citado pela agência oficial Irna, o general de divisão Abdolrahim Mussavi, comandante em chefe do Exército iraniano, disse duvidar que os Estados Unidos "tenham a coragem" de cumprir suas ameaças.
As facções pró-Irão no Iraque aumentaram, no sábado, a pressão sobre as bases que abrigam soldados americanos no final de um dia de enormes manifestações em homenagem ao general Soleimani.
Foguetes e morteiros caíram quase simultaneamente na Zona Verde de Bagdad, onde está localizada a embaixada americana, e numa base militar mais a norte, onde soldados americanos estão destacados, sem causar vítimas.
O próximo ato pode acontecer no Parlamento iraquiano, onde os pró-iranianos podem obter neste domingo uma votação que ordene a saída dos soldados americanos do país, o que provavelmente seria seguido pela expulsão de todas as tropas estrangeiras da coligação anti-jihadista liderada por Washington.
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