“Escandaloso é a palavra correta para definir os lucros. Ficamos hoje a saber […] os dados do primeiro semestre que os bancos ganham 11 milhões de euros (ME) por dia em lucros”, reagiu Mariana Mortágua.

Esta responsável falava hoje aos jornalistas à margem do painel que foi apresentar aos jovens do BE que se encontram no “Acampamento da Liberdade”, até dia 31 de julho, em São Gião, Oliveira do Hospital, distrito de Coimbra.

“Todos os bancos aumentaram estrondosamente os seus lucros, o BCP é o que mais aumenta, são dois mil ME só no primeiro semestre deste ano e estes lucros têm uma razão muito básica, são o resultado e o reverso do aumento dos juros dos créditos à habitação das famílias”, apontou.

Neste sentido, defendeu que “a solução para as famílias poderem ser aliviadas no crédito à habitação” está em “os bancos abdicarem de uma pequena parte dos seus lucros, permitindo assim baixar as prestações”.

“Hoje ficamos a saber, não só, que os lucros do primeiro semestre são 11 ME por dia, mas também que a prestação da casa subiu em 80% para as pessoas que tinham crédito à habitação e este é o Portugal em que vivemos”, reforçou.

Mariana Mortágua lembrou que “os bancos foram limpos com o dinheiro do Estado” e, neste sentido, destacou o caso do Novo Banco que considerou “escandaloso”, porque “recebeu uma garantia de quatro mil milhões de dinheiro público”.

Ou seja, continuou, “foi salvo com dinheiro público e agora está a dar centenas de milhões de lucro ao seu acionista privado, por conta do aumento dos juros que está a empobrecer a população portuguesa”.

Perante aquilo que considerou um “escândalo” e um “assalto” às pessoas que têm crédito à habitação, Mariana Mortágua disse que o que vê é o Presidente da República e o Primeiro-ministro a “pedir” aos bancos “um pouco de simpatia” e “compreensão”.

“Não é assim que se vai resolver este problema. É preciso criar medidas que obriguem os bancos a baixarem as taxas do crédito de habitação como contrapartida dos seus lucros”, exigiu a coordenadora do BE.

Aos jornalistas, Mariana Mortágua defendeu ainda que “é preciso investir mais nos bombeiros e na gestão florestal”, num comentário às declarações do presidente da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF), Tiago Almeida, que disse que as Câmaras “investem muito dinheiro nos bombeiros”.

“Penso que essa afirmação parte de um equívoco, que é a ideia de que perante um risco tão grande como incêndios, temos de tirar de um lado para por no outro e portanto puxar a manta dos bombeiros par a por na gestão florestal, ou puxar a manta da gestão florestal para por nos bombeiros”, considerou.

Neste sentido, Mariana Mortágua disse que “a manta, se calhar, é só demasiado curta e se calhar é preciso investir nos bombeiros e na gestão florestal”, porque, “os bombeiros atuam preventivamente e nas situações de incêndio” e “a gestão florestal é essencial para a prevenção”.

“Presumo e interpreto essas palavras como uma chamada de atenção para a falta de investimento na gestão florestal, em momento nenhum entendo que se gasta demasiado dinheiro em bombeiros, acho que é uma ideia equivocada”, defendeu.