No debate frente a Luís Montenegro, a 6 de fevereiro, Mariana Mortágua trouxe à conversa um tema que tem sido repetido nas últimas semanas: o sofrimento da avó devido à lei das rendas aprovada pelo governo social-democrata há cerca de uma década. Nesse dia, a líder do BE acusou mesmo o PSD de ter “expulsado os idosos” das cidades.

Dois dias depois, no debate com Rui Tavares, do Livre, a bloquista foi questionada sobre o que quis dizer. "Toda a gente conhece essa lei das rendas", respondeu. "Essa lei quando foi aplicada fez com os idosos ficassem em sobressalto e que tudo podia acontecer. A minha avó sentiu esse sobressalto".

Mas a conversa da avó não ficaria por aqui. A 14 de fevereiro, André Ventura, líder do Chega, acusou a coordenadora do BE de "falsidade e hipocrisia", de ser o rosto de uma "esquerda queque, esquerda fina" que não reconhece os problemas do país, ​​​​​​​e de não ter falado verdade quando deu o exemplo da avó num outro debate, quando falava sobre a lei das rendas.

A resposta foi ruidosa: "Eu não minto. A minha avó tinha 80 anos quando ficou a saber que aos 85 a renda podia saltar. Se acha que isto não mete medo a uma idosa, é defender uma lei cruel e porque não quer saber da habitação", criticou Mortágua. E Ventura replicou: "A história da avó é uma treta".

Depois de tanto falatório nos debates, o assunto voltou hoje à ordem do dia, devido à notícia da revista Sábado: a avó de Mariana Mortágua mora na Avenida de Roma, em Lisboa, e deverá pagar ainda uma renda antiga de cerca de 400€. Além disso, tinha 78 anos quando a dita lei foi aprovada, em 2012, pelo que estava protegia de despejos e de aumentos significativos.

Assim, esta quinta-feira, a coordenadora do BE aproveitou a sua intervenção num almoço com ativistas laborais que apoiam a candidatura do BE às próximas eleições de 10 de março para fazer uma “referência lateral” sobre o que saiu na imprensa.

“Só alinha na campanha de extrema-direita quem tem mesmo muita vontade de alinhar em campanhas da extrema-direita. O que eu disse e mantive é que a minha avó viveu 69 anos na mesma casa. Tinha 80 anos quando descobriu que aos 85 a sua renda podia saltar. Artigos 35 e 36 da lei”, reiterou Maria Mortágua.

Segundo a líder bloquista, esse aumento das rendas “teria acontecido se a geringonça não tivesse suspendido a aplicação da lei Cristas”, ou seja, a lei das rendas. “E nenhum facto me desmente pela simples razão de que tudo o que eu disse é verdade”, enfatizou.

Na opinião de Mortágua, “a extrema-direita está hoje a fazer a sua segunda tentativa de intoxicação desta campanha eleitoral”, recorrendo a este tema e usando a "referência ao exemplo" da sua avó.

“Esta segunda tentativa da extrema-direita é tão ridícula como a primeira e vai ter o mesmo destino: vai mostrar o embaraço dos defensores de uma lei das rendas que foi cruel, que atacou as pessoas e que estes partidos de direita querem voltar a aplicar, querem voltar a reinstituir”, criticou.

Por fim, a coordenadora do BE deixou um aviso: “convençam-se de uma coisa. Nós estamos aqui para defender as avós, os idosos, para defender toda a gente que foi atacada por aquela lei cruel e para defender o direito à habitação”.

*Com Lusa