“Não acho que seria de esperar, nem acho que fosse bom, apresentar às pessoas uma guinada política porque muda a cara do partido”, afirmou a nova líder em entrevista à TVI e à CNN Portugal, a primeira depois de ter sido eleita na XIII Convenção Nacional do BE, que decorreu em Lisboa durante o fim de semana.
Mariana Mortágua salientou que “o BE tem coerência nas suas ideias, tem coerência no seu programa político, tem um bom programa político que permite responder aos problemas do país” e “é, será uma esquerda forte, uma alternativa ao PS”.
Sobre o mote que lançou quando se apresentou às eleições internas – “uma vida boa” para as pessoas – a coordenadora realçou que “não é um estado de espírito, é um programa político, responde às pessoas por aquilo que é importante para elas”.
Quanto às eleições europeias do próximo ano, reiterou a meta que estabeleceu no encerramento da reunião magna, indicando que o objetivo do BE é “ficar à frente do Chega e da IL” e afirmar-se “como terceira força política”.
Caso isso não venha a acontecer, a coordenadora recusou ser uma derrota sua: “Não pessoalizamos as derrotas, nem as vitórias no BE, fazemos previsões, apostas, temos vontade, expressamos vontades. Eu tenho a vontade que o BE seja terceira força nas europeias, o BE tem vontade, tem entusiasmo e força para o fazer e, portanto, sou clara quanto a esse objetivo”, defendeu.
Mariana Mortágua considerou que “esta legislatura cumprirá o seu curso”, mas apontou que “a terminar de forma antecipada será por responsabilidade do Governo, que está a contribuir bastante para a degradação da vida política e das suas próprias condições de credibilidade e da estabilidade”.
A líder bloquista defendeu que “há um esgotamento do Governo que não vem das ameaças, das palavras, dos casos, dos casinhos”, mas sim “da crise da vida das pessoas”, salientando que “há uma crise social e por causa dela há uma crise institucional”.
A coordenadora do BE pediu “bom senso” ao Governo e que “dê soluções ao país”, sustentando que “o que salva o país da direita é resolver a vida das pessoas”.
Mariana Mortágua salientou que, num cenário de maioria absoluta, a “pressão social pode fazer mudar as políticas” e considerou que os protestos a que o país tem assistido não acontecem apenas “porque as pessoas estão zangadas só”, mas sim porque “querem soluções para a sua vida”.
E disse acreditar que quando os portugueses forem chamados às urnas nas legislativas o partido poderá duplicar os deputados que tem atualmente (cinco), sustentando que “é isso que dizem as sondagens”.
Questionada também sobre a operação “Tutti Frutti” e as suspeitas de uma combinação entre PS e PSD nas autárquicas de 2017 em Lisboa, divulgadas numa série de reportagens da TVI/CNN, a nova líder bloquista disse ver “sem surpresa”.
“Este centrão de negócios, este centrão de poder que depois faz circular os seus dirigentes partidários pelos altos cargos da função pública, vai controlando a máquina do Estado é do conhecimento de toda a gente há muitos anos”, afirmou, dizendo não compreender “como é que os líderes partidários dos partidos que fazem parte deste centrão se podem dizer surpreendidos com estas práticas que toda a gente conhece e que toda a gente viu ao longo dos últimos anos”.
E criticou os atrasos na justiça: “Eu acho que é um problema da justiça quando percebemos que há um caso desta dimensão, com este tipo de seriedade e de importância para a democracia e, passados seis anos, as pessoas relevantes deste caso não foram ouvidas e não há uma acusação”.
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