Em entrevista à agência Lusa a propósito das eleições legislativas de 06 de outubro, nas quais o Partido Democrático Republicano (PDR) concorre a todos os 22 círculos eleitorais, o fundador, Marinho e Pinto, fala sobre o processo de escolha do antigo porta-voz do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), Pedro Pardal Henriques, como cabeça de lista por Lisboa.

“O PDR é muito daquilo que o Pedro Pardal Henriques foi neste processo de luta”, sublinha, escusando-se a desvendar detalhes sobre a escolha do advogado uma vez que se trata de uma “questão interna do partido”.

Para além de Pardal Henriques, o PDR apostou noutro rosto da greve dos motoristas para encabeçar a lista por Setúbal, Bruno Fialho, que foi o mediador do SNMMP, mas Marinho e Pinto rejeita as críticas de aproveitamento político.

“Nós a aproveitar politicamente por candidatarmos sindicalistas independentes? Alguém criticou o aproveitamento político do dirigente da Fenprof, membro do Comité Central do PCP? Dos líderes da CGTP, das várias federações e sindicatos da CGTP, que são membros do Partido Comunista, do Partido Socialista, ou dos outros sindicatos que são membros do PSD, alguém criticou?”, questiona.

O líder do PDR e cabeça de lista pelo Porto não teme estas críticas e está “pronto para rebater”, mas acha que essa insinuação, como “querem fazer alguns adversários, é oportunismo”.

Ainda sobre o antigo porta-voz do SNMMP — que deixou de o ser no dia em que o seu nome foi anunciado como candidato do PDR — Marinho e Pinto espera que “faça uma boa campanha”.

“E que os órgãos de comunicação social se centrem mais nas propostas que ele vai fazer ao país do que no processo interno, partidário que levou à sua escolha para cabeça de lista pelo círculo de Lisboa”, pede.

O líder do PDR e ex-eurodeputado assume que só conheceu Pardal Henriques com a greve dos motoristas, mas garante que veio a “conhecê-lo como que retroativamente”, tendo ido “apreciar o seu trajeto”.

“A coragem com que ele desafiou poderes extraordinariamente importantes estabelecidos no mundo sindical e no mundo empresarial português”, enaltece.

Marinho e Pinto faz questão de destacar “a grande vitória dos motoristas de matérias perigosas” que foi a redução do “horário de trabalho semanal de 70 e tal horas para 48 horas por semana”.

“Outro aspeto que é extraordinariamente importante é mostrar a possibilidade de um sindicalismo que não está subordinado às diretrizes partidárias, aos comités centrais, aos secretariados nacionais, às comissões políticas, um sindicalismo dos trabalhadores, com todas os seus erros, com todas as suas angústias”, elogia.

O antigo bastonário da Ordem dos Advogados assinala que “três partidos dominam praticamente todos os sindicatos em Portugal”, o que na sua opinião “é uma negação da autonomia e da independência que a luta dos trabalhadores deve ter”.

“Devemos isso também ao doutor Pedro Pardal Henriques”, defende.

 "Nunca seria suporte de um Governo como a geringonça"

O presidente do PDR, Marinho e Pinto, garante que não vai fazer "turismo eleitoral" nas legislativas e defende reformas profundas porque existe um "totalitarismo do sistema partidário", assegurando que "nunca seria suporte de um Governo como a geringonça".

Marinho e Pinto assume que não tem saudades do Parlamento Europeu, depois de nas eleições de 26 de maio não ter conseguido a sua reeleição para o mandato de eurodeputado, justificando a última candidatura europeia com a necessidade de "prestar contas e, de alguma forma, beber o cálice até o fim".

"Nós concorremos não é a feijões, não é para passear, não é para fazer turismo eleitoral. Nós concorremos para convencer eleitores a votar em nós. (...) Mas o importante na candidatura do PDR é apresentar um programa de reformas profundas da vida política, do sistema partidário e do sistema político em Portugal", responde, quando questionado sobre os objetivos eleitorais do partido para as eleições legislativas de 06 de outubro.

Escusando-se a fazer previsões quanto aos resultados, Marinho e Pinto explica que o objetivo é "obter mandatos", mas que "a grande meta eleitoral do PDR é poder expor as suas propostas".

Marinho e Pinto é muito crítico com o atual executivo socialista, considerando que é "um governo dos patrões, que tem palavras muito meigas para os trabalhadores, mas políticas muito atrozes para os trabalhadores", condenando PCP e BE, porque se venderam "por uns pratinhos de lentilhas ao senhor António Costa".

"Nunca seria um suporte de um Governo como a geringonça", assegura.

Assim, o líder do PDR traça um cenário em que apoiaria "medidas que fossem boas no Parlamento", mas rejeitaria as que fossem más, afastando a possibilidade de "um cheque em branco, por troca de apoio parlamentar".

"A política degradou-se a níveis insuportáveis. Só quem anda na rua, e se você fizer a campanha a acompanhar alguns candidatos, vê o ódio que algumas pessoas votam à democracia, ao sistema político, ao sistema partidário", lamenta.

O antigo bastonário da Ordem dos Advogados compreende a desilusão dos portugueses uma vez que "a democracia praticamente se esgota em Portugal nos privilégios e nos benefícios para os agentes políticos".

"Os partidos políticos em Portugal controlam tudo, absolutamente tudo e isto é totalitarismo. Há um totalitarismo do sistema partidário em Portugal", condena.

Entre as propostas com as quais o partido se apresenta a eleições, Marinho e Pinto destaca precisamente as reformas políticas, uma vez que entende que ser impossível "evoluir e sair desta viscosidade" se não houver coragem para fazer mudanças profundas.

O PDR propõe um "um sistema eleitoral dual, proporcional, com um só círculo nacional, em que os partidos apresentam uma lista de deputados nacionais", passando metade dos deputados a ser eleitos nestas listas.

"Mas depois um sistema maioritário, em que cada cidadão, nos 115 círculos eleitorais que seriam criados, cada cidadão pode concorrer. Uma candidatura aberta à cidadania", aponta.

Para além da limitação de mandatos, o líder do PDR defende que em Portugal deveria haver "um parlamento bicamarário", com "uma espécie de senado", em que uma parte seria eleita e a outra constituída, por inerência, por figuras nacionais, como por exemplo os antigos chefes de Estado.

"Nós temos uma política para os emigrantes, para os portugueses, para as comunidades portuguesas, que era a criação do Ministério das Comunidades, com tutela sobre os consulados, os consulados deviam transformar-se em lojas do cidadão emigrante, em lojas da cidadania portuguesa no mundo das comunidades", destaca ainda.

Para Marinho e Pinto, "o inverno demográfico combate-se com medidas concretas de proteção à mulher e à maternidade", propondo a criação de um Ministério da Mulher e da Maternidade.

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