“Era um grande democrata. Lutou contra a ditadura de direita e por isso foi preso, foi exilado, mas nunca cedeu”, afirmou hoje Pinto Balsemão em declarações à SIC Notícias, canal de televisão do grupo Impresa, ao qual preside.
Mário Soares morreu hoje, aos 92 anos, no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, onde estava internado há 26 dias, desde 13 de dezembro.
Balsemão lembrou que Soares “foi para a rua quando foi preciso e além disso participou na Assembleia Constituinte, foi ministro e chefiou governos e tudo isto teve uma importância fundamental para que o país conseguisse sair de onde estava, de 40 anos de ditadura de direita para uma Democracia de padrão ocidental”.
Mário Soares “empenhou-se como soube e pôde na descolonização, contribuiu para a revisão constitucional de 1982”, quando Balsemão era primeiro-ministro e líder do PSD, sem a qual “manter-se-ia o Conselho da Revolução”. “Foi possível fazer essa grande mudança”, referiu.
Além disso, o agora presidente da Impresa salientou o “papel determinante” de Mário Soares na adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia (CEE). “Ele era um europeu convicto”, disse.
Balsemão lembrou também a vitória de Soares nas eleições para a Presidência da República em 1986, “noutro ponto fundamental de viragem em Portugal”. “Desempenhou com grande dignidade, competência e capacidade as funções presidenciais em dois mandatos”, afirmou.
O Governo decretou três dias de luto nacional, a partir de segunda-feira.
Soares desempenhou os mais altos cargos no país e a sua vida confunde-se com a própria história da democracia portuguesa: combateu a ditadura, foi fundador do PS e Presidente da República.
Nascido a 07 de dezembro de 1924, em Lisboa, Mário Alberto Nobre Lopes Soares foi fundador e primeiro líder do PS, e ministro dos Negócios Estrangeiros após a revolução do 25 de Abril de 1974.
Primeiro-ministro entre 1976 e 1978 e entre 1983 e 1985, foi Soares a pedir a adesão à então Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1977, e a assinar o respetivo tratado, em 1985. Em 1986, ganhou as eleições presidenciais e foi Presidente da República durante dois mandatos, até 1996.
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