Marta Temido visitou hoje a região do Tâmega e Sousa, sendo que à saída do Hospital de Penafiel, afirmou aos jornalistas presentes que "as visitas foram de carácter técnico", mas não deixou de comentar os últimos números relativos à evolução da pandemia em Portugal.

"A letalidade da doença [covid-19] tem subido bastante nos últimos dias e é bastante preocupante", afirmou após ter dado conta de que existem mais 5.550 casos de infeção e 52 óbitos nas últimas 24 horas. E voltou a reforçar aquilo que António Costa já tinha dito esta manhã: "há que aliviar a pressão a montante dos hospitais porque se houver 10 milhões de infetados não há capacidade de resposta", disse.

Depois, anunciou que durante as reuniões se averiguou que houve um atraso na realização de exames epidemiológicos, pelo que haverá um reforço de meios.

"Neste momento a unidade de saúde pública está com cerca de 350 inquéritos por dia. O que corresponde ao número de casos que vai entrando, mas há um conjunto de inquéritos com mais dias que estão acumulados e estivemos a falar sobre como podemos fazer esse trabalho de recuperação nos próximos 15 dias a três semanas", frisou.

Relativamente à situação em concreto do Hospital de Penafiel — onde há notícias e vídeos que mostram uma sobrelotação —, a ministra dá conta que o hospital já "registou algum alívio fruto de algumas transferências nos últimos dias", nomeadamente para o Hospital da Universidade Fernando Pessoa ou o centro hospitalar de Trás-os-Montes, mas também para o Centro Hospitalar de Trás os Montes e Alto Douro, até Unidade de Saúde do Nordeste, Unidade de Saúde do Alto Minho, Hospital de Braga, Centro Hospitalar e Universitário do Porto, Hospital de São João e até para Lisboa, para o Hospital de Santa Maria. Recorde-se que esta tem sido uma das unidades mais fustigadas nas últimas semanas devido ao crescente número de casos na região do Vale do Sousa.

No final da sua intervenção voltou a enfatizar que é preciso ter cuidados para evitar a propagação do vírus para não sobrecarregar os profissionais de saúde e as unidades hospitalares. "Não estamos livres de sofrer esta pressão ou de ter mortalidade elevada nos próximos dias", frisou Marta Temido.

"Uma vez mais, é preciso perceber a gravidade do momento em que estamos a viver e de estarmos unidos na resposta", enfatizou ainda a governante, que reconheceu que os profissionais de saúde estão "cansados", pelo que deixa apelou aos portugueses para ajudarem a aliviar a "pressão".

Questionada sobre o pedido dos hospitais (contratação adicional de médicos), a Ministra deu o exemplo francês, em que o presidente Macron afirmou que o país tinha dificuldade no recrutamento de profissionais de saúde. E, segundo Marta Temido, é um problema que se estende a toda a Europa — sendo que "Portugal não é exceção".

"Desde o início da pandemia temos um regime excecional de contratação que permite que sejam contratados todos os profissionais que existem no mercado. Neste momento a situação com que nos deparamos é que o mercado não tem a disponibilidade que teve em outros momentos e há muitos profissionais que ficaram doentes", disse Marta Temido.

"Ouvi há poucos dias o Presidente Mácron a referir que não há profissionais de saúde livres no mercado para serem contratados. Estamos a falar de França. Neste momento a dificuldade de recrutamento de profissionais de saúde existe em toda a Europa. Portugal não é exceção", referiu Marta Temido.

Também hoje a Ordem dos Enfermeiros (OE) manifestou-se preocupada com o recrutamento de enfermeiros portugueses na Europa, revelando que nas últimas duas semanas se têm intensificado ofertas de países como Espanha, Reino Unido, Alemanha e Holanda.

Segundo a OE, estes países estão a oferecer "contratos anuais, transporte e alojamento gratuitos", sublinhando que as propostas "são agora mais e com condições mais vantajosas por parte de hospitais, mas também de lares".

Sem comentar diretamente esta questão, Marta Temido referiu que a tutela tem trabalhado com a OE para identificar candidatos.

"Temos trabalhado com a Ordem dos Enfermeiro no sentido de identificar potenciais candidatos e vamos continuar a fazer esse trabalho", concluiu.

A deslocação da ministra da Saúde no Norte incluía, em Lousada, uma reunião com direção executiva do Agrupamento de Centros de Saúde do Vale do Sousa Norte e com autoridade de saúde local, bem como visita ao Hospital Padre Américo, em Penafiel, onde se reuniu com o conselho de administração do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS).

Em causa está um centro hospitalar que dá apoio a uma região, Tâmega e Sousa, que tem sido alvo de preocupações devido ao aumento de casos de infeção pelo novo coronavírus. Só na terça-feira, este hospital registava 235 internados, dos quais 11 em cuidados intensivos.

Esta situação gerou um pedido de ajuda pelo presidente do conselho de administração do CHTS, Carlos Alberto Silva, à direção da Administração Regional de Saúde do Norte.

* Com agências 

(Notícia atualizada às 18:15)