A tarde do segundo dia oficial de campanha de Marisa Matias foi dedicada a Monchique, no distrito de Faro, concelho ao qual voltou depois de, em agosto do ano passado, o ter visitado na sequência do incêndio que ali lavrou durante uma semana.
“Se a questão das comunicações não está resolvida é desde logo uma das dimensões que mostra que não estamos preparados [para os incêndios] porque ainda não se aprendeu com os erros dos sucessivos falhanços que tivemos ao nível do SIRESP [Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal]”, avisou, em declarações aos jornalistas.
Na perspetiva de Marisa Matias, Portugal ainda não aprendeu “as lições todas” com o passado e por “não está ainda preparado” para lidar com este fenómeno.
“É um daqueles domínios em que a articulação das diferentes políticas tem que ser feita nas diferentes escalas”, explicou.
Falando aos jornalistas na freguesia de Alferce, onde também esteve o ano passado, a eurodeputada do BE considerou que este é um “problema muito mais estrutural, que tem a ver com a falta de respostas não apenas nacionais, mas também europeias, em situações que se tornam cada vez mais frequentes”.
“Temos questões que estão relacionadas com os próprios sistemas de proteção civil a nível nacional e a nível europeu que são as questões das comunicações que não podem falhar e em Portugal nós não temos memória, infelizmente, de nenhuma tragédia em que o SIRESP não tenha falhado”, condenou.
Sublinhando a necessidade de “tomar medidas”, Marisa Matias insiste assim no controlo público do SIRESP, uma proposta que tem vindo a ser defendida pelo BE.
“Com a aprovação do mecanismo europeu de proteção civil poderá haver melhorias do ponto de vista da articulação das comunicações, da utilização de recursos partilhados, de recursos próprios que possam ser enviados para os locais onde são necessários, mas a verdade é que a nível nacional esse problema está por resolver”, alertou.
Concretamente sobre os incêndios de Monchique, Marisa Matias lamentou a ausência de apoios às pessoas afetadas “por questões muitas vezes até de natureza burocrática, o que acaba por ser incompreensível”.
“Depois temos que ter também uma diferente política para a floresta, uma política que consiga fazer bem a diferença e a separação entre o que é ter uma floresta sustentável ou uma floresta ‘financeirizada'”, propôs.
Na perspetiva de Marisa Matias, “no quadro nacional foi possível já avançar com algumas ideias para uma política florestal que aponte mais para uma floresta estável” – apesar de não estarem ainda as medidas todas tomadas – mas no quadro europeu, “infelizmente têm avançado mais propostas que apoiam a floresta ‘financeirizada'”, lamentou.
Antes da visita a Alferce, Marisa Matias esteve nos Bombeiros Voluntários de Monchique.
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