"Temos que olhar para o sistema [de regadio] montado e que protege esta população e os campos agrícolas para tentar encontrar soluções que minimizem os impactos de situações de cheia como esta e, com base nisso, não comprometamos a economia do Baixo do Mondego", disse Maria do Céu Albuquerque, que falava após uma visita a Montemor-o-Velho, concelho afetado pelas cheias do Mondego.

Em declarações aos jornalistas, a ministra admitiu a possibilidade de um trabalho em articulação com o Ministério do Ambiente para se poderem fazer investimentos no sistema hidroagrícola do Baixo Mondego, por forma a mitigar o efeito das cheias.

"Estas situações vão ser cada vez mais frequentes. Este é um efeito claro das alterações climáticas, em que secas severas dão lugar a situações como esta de forte precipitação em que os terrenos não são capazes de fazer a absorção da água", sublinhou.

Nesse sentido, referiu, é necessário "estudar formas de viabilizar este território e a atividade agrícola que aqui é tão importante".

Apesar de ainda se desconhecer quais as infraestruturas do sistema hidroagrícola do Baixo Mondego que foram afetadas pelas cheias, Maria do Céu Albuquerque referiu que ainda há disponibilidade do Programa Nacional de Regadio (com dotação orçamental de 560 milhões de euros) para abrir um terceiro aviso, podendo ser mobilizados alguns recursos financeiros desse programa para a zona do Baixo Mondego.

Relativamente aos apoios aos agricultores afetados pelas cheias na região, a ministra referiu que ainda é prematuro falar de ajuda financeira, sendo necessário primeiro fazer um levantamento exaustivo dos prejuízos, assim que as condições no terreno o permitirem.

"O PDR 2020 tem mecanismos que podem ser disponibilizados se os prejuízos forem superiores a 30% nesta área. Esse e outros mecanismos podem ser acionados caso se justifique", acrescentou.

Questionada sobre o alerta deixado pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA) sobre os "prejuízos sérios" nos pastos, a ministra referiu que ainda não se consegue perceber o impacto das cheias sobre as pastagens e que também ainda não chegou qualquer informação sobre essa situação ao Ministério da Agricultura ou à Direção Regional de Agricultura e Pescas do Centro.

Os efeitos do mau tempo, que se fazem sentir desde quarta-feira, já provocaram dois mortos e um desaparecido e deixaram 144 pessoas desalojadas e outras 352 deslocadas por precaução, registando-se mais de 11.600 ocorrências, na maioria inundações e quedas de árvores.

O mau tempo, provocado pela depressão Elsa, entre quarta e sexta-feira, a que se juntou no sábado a depressão Fabien, provocou também condicionamentos na circulação rodoviária e ferroviária, bem como danos na rede elétrica, afetando a distribuição de energia a milhares de pessoas, em especial na região Centro.

A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, num balanço feito hoje às 10:00, disse que o distrito de Coimbra é aquele que ainda causa maior preocupação, apesar de o número de ocorrências ter "baixado significativamente", esperando-se a redução do caudal no leito do rio Mondego nos próximos dias.