"O ICNF deve ter meios financeiros e humanos robustos que lhe permitam agir rápida e eficazmente nestas situações extremas cada vez mais frequentes", defende a organização ambientalista.
A Quercus acredita que "ainda há margem" durante a discussão do Orçamento do Estado para 2019 para "alocar mais verba ao ICNF destinada a intervenções de emergência, manutenção e recuperação das Matas Nacionais", que foram duramente atingidas pela passagem do furacão Leslie por Portugal e pelos incêndios de 2017.
Domingos Patacho, dirigente da organização ambientalista, disse à agência Lusa que é essencial a tomada de medidas com afetação de recursos financeiros para a mitigação dos riscos", em especial ao nível do ordenamento e gestão da floresta, lembrando que incidentes provocados por fenómenos meteorológicos extremos são cada vez mais frequentes.
A Quercus sublinha que a passagem do furacão Leslie por Portugal, que atingiu o continente como tempestade tropical, afetou fortemente os distritos de Leiria e Coimbra, sobretudo ao nível das matas nacionais litorais, mas também em muitas áreas de florestais privadas.
"Existem milhares de árvores partidas e outras arrancadas numa vasta faixa litoral desde o concelho de Alcobaça, no distrito de Leiria, até ao distrito de Aveiro, que deixaram um novo rasto de destruição", refere a Quercus.
As matas públicas mais afetadas foram a Mata Nacional de Leiria, a Mata Nacional de Pedrógão, Mata Nacional do Urso, assim como alguns perímetros florestais a norte da Figueira da Foz, na faixa litoral. Na Mata Nacional do Choupal e na Mata Nacional do Buçaco a tempestade derrubou árvores monumentais.
Domingos Patacho lembra que nos últimos anos a região Centro do país foi duramente castigada por fenómenos naturais extremos. Em 2013, por exemplo, o ciclone extratropical Gong teve um enorme impacte sobre a destruição da floresta, ao nível de queda de árvores.
"O furacão Ofélia, que passou ao largo do continente, a 15 de outubro do ano passado, teve ventos fortes e secos que propagaram os incêndios, tendo ardido cerca de 250 mil hectares em apenas dois dias, também atingiu fortemente a floresta no Centro do país", refere a Quercus.
Para a organização ambientalista, cenários associados às alterações climáticas revelam o aumento da frequência de fenómenos meteorológicos extremos, como os furacões, tempestades com chuvas intensas em períodos curtos, secas prolongadas e incêndios.
Neste contexto, a Quercus defende o reforço das verbas do ICNF, de forma a aumentar a frequência das intervenções de emergência, manutenção e recuperação das Matas Nacionais.
"As Matas Nacionais são a montra da floresta em Portugal e devem ser intervencionadas de forma exemplar, para servirem de exemplo aos proprietários privados que detêm cerca de 85% da floresta em Portugal. O Estado não pode exigir aos proprietários que cuidem e façam a gestão das suas matas sem ser o primeiro a dar o exemplo", conclui a Quercus.
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