May foi questionada por deputados de uma comissão parlamentar da Câmara dos Comuns sobre se vai agir para travar uma saída sem acordo se o parlamento chumbar os documentos negociados entre o Reino Unido e os 27.

“Se a Câmara votar contra o acordo” terão de ser dados “alguns passos práticos em relação a um não-acordo”, respondeu.

“Obviamente vão ter de ser tomadas decisões”, disse a primeira-ministra na comissão de ligação, constituída pelos presidentes de todas as comissões parlamentares.

A audição realiza-se um dia depois de o Banco de Inglaterra ter publicado um relatório segundo o qual um Brexit sem acordo pode causar uma desvalorização da libra de 25% e um recuo de 7,8% a 10,5% do Produto Interno Bruto (PIB) britânico até 2024.

Uma outra avaliação realizada por vários ministérios, divulgada também na quarta-feira, concluiu que o país será mais pobre depois do Brexit seja qual for o tipo de acordo que concluir com a UE e que quanto mais próxima for a relação comercial com o bloco menor será o impacto económico negativo.

Durante a audição de hoje, May irritou vários deputados ao escusar-se a responder a várias das perguntas que lhe foram feitas, insistindo em vez disso em frisar as vantagens do acordo que foi aprovado no domingo pelos líderes dos 27.

O parlamento, defendeu, deve “esquecer-se das outras opções” e centrar-se no debate do acordo proposto, sublinhou.

O acordo aprovado pela UE no domingo define os termos da saída do Reino Unido da UE, incluindo uma compensação financeira de 39 mil milhões de libras (44 mil milhões de euros), os direitos dos cidadãos e um mecanismo para manter a fronteira da Irlanda do Norte com a República da Irlanda aberta se as negociações para um novo acordo não for concluído até ao final de dezembro de 2020, quando acaba o período de transição.

Uma declaração política separada define as linhas da relação futura entre o Reino Unido e a UE depois do Brexit, nomeadamente a criação de uma zona de comércio livre.

Para ser aplicado, o acordo terá de ser aprovado no parlamento britânico em 11 de dezembro e, posteriormente, pelo Parlamento Europeu.

Porém, dezenas de deputados do Partido Conservador de Theresa May têm-se manifestado contra o documento e poderão ajudar a oposição, incluindo o partido Trabalhista, nacionalistas escoceses e Liberais Democratas, a chumbar o acordo.