Numa ocasião incomum, para não dizer rara, o governo norte-coreano veio a público, na voz do general Kim Yong-chol, pedir desculpa à imprensa sul coreana por não ter permitido a presença dos jornalistas no concerto de K-Pop que aconteceu no passado domingo. O governo de Kim Jong-un reconheceu que esta foi uma ação errada frente uma “imprensa livre”.

Os jornalistas da Coreia do Sul viajaram para Pyongyang com o intuito de cobrir a presença do líder norte-coreano num espetáculo do popular género musical "K-Pop", um evento inédito e que simboliza a tentativa vigente de reaproximação entre as duas Coreias. A proibição motivou inclusivamente uma reação oficial por parte do governo sul-coreano.

“Foi errado impedir a livre cobertura por parte dos media e as filmagens”, assumiu mais tarde o general, segundo reportou a agência de notícias sul-coreana Yonhap, citada pelo The Guardian.

De acordo com a publicação, o general terá ido ao hotel onde se encontravam os jornalistas para pedir, pessoalmente, desculpas em nome da Coreia do Norte. “Eu, representando o Norte, ofereço um pedido de desculpas e procuro a vossa compreensão pelo erro cometido”, declarou Kim Yong-chol.

Yong-chol responsabilizou os guarda-costas de Kim Jong-un por bloquearem o acesso aos media, dizendo que tal não foi intencional e teve origem na falta de comunicação interna. O general descreveu ainda o evento como "especial" devido à participação de Kim Jong-un. 

A música uniu as duas Coreias

No passado domingo, Kim Jong-un "recebeu calorosamente a delegação sul-coreana e expressou a sua alegria por esta visita a Pyongyang” de músicos, dançarinos e praticantes de artes marciais, escreveu a KCNA, que publicou várias imagens do espetáculo, realizado no Grande Teatro do Este, perante cerca de 1.500 pessoas.

O dirigente norte-coreano Kim Jong Un afirmou que ficou "profundamente comovido" com o espetáculo.

A presença de Kim e da sua esposa, a ex-cantora Ri Sol Ju, na apresentação foi um facto inédito, pois o regime norte-coreano impede qualquer presença da cultura sul-coreana no seu território.

Kim, o primeiro líder norte-coreano a comparecer num espetáculo organizado por sul-coreanos, apertou a mão dos artistas e "expressou o seu agradecimento mais profundo", segundo a KCNA. O líder norte-coreano mostrou-se ainda "profundamente comovido ao ver nosso povo aplaudir com sinceridade este espetáculo, enquanto aumentava o seu conhecimento sobre a arte popular sul-coreana", adiantou a agência.

A 27 de abril, o Presidente sul-coreano, Moon Jae-in, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, vão reunir-se, na primeira cimeira entre as duas Coreias em 11 anos. Para maio é aguardado um encontro inédito entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos.