"O aviso de greve dos médicos mantém-se, porque o Ministério da Saúde não fez qualquer contraproposta aos sindicatos, a uma proposta feita em abril deste ano", afirmou Jorge Roque da Cunha, na assinatura de um acordo sobre carreiras médicas na Região Autónoma da Madeira.

"Infelizmente, estamos a ser empurrados para a greve", lamentou.

O Sindicato Independente dos Médicos e a Federação Nacional dos Médicos assinaram hoje com o Governo Regional da Madeira um novo Acordo Coletivo de Trabalho e as Normas Particulares sobre a Organização e Disciplina do Trabalho da Carreira Médica, após um ano de negociações.

"As matérias que hoje assinámos com o Governo Regional é um dos itens que faz parte do nosso caderno reivindicativo, que tem a ver com a organização do trabalho médico", explicou Jorge Roque da Cunha, sublinhando que o acordo é "pioneiro" ao nível do Sistema Nacional de Saúde.

Na Região Autónoma da Madeira, os médicos passam, entre outras matérias, a ter tempos estabelecidos para o aperfeiçoamento científico e atualização, o apoio aos internos, o acompanhamento dos utentes e o apoio domiciliário, bem como a automatização dos descansos compensatórios.

O secretário-geral do SIM aproveitou para pedir ao Governo Regional que intervenha junto do ministro da Saúde para o "ajudar" a desenvolver um "espirito de diálogo".

Por outro lado, Mário Jorge Neves, da Federação Nacional dos Médicos, considerou que o acordo com o executivo madeirense poderá constituir um "bom contributo" para a captação e fixação de mais médicos na Região Autónoma.

O secretário regional da Saúde, Pedro Ramos, vincou, por seu lado, que o acordo estabelecido com os sindicatos constitui um "contraponto" ao que se passa ao nível nacional.

"Queremos dar um exemplo para a possibilidade de acordos, numa área como a saúde, que é de extrema importância para a população", disse o governante, salientando que isso traduz a "capacidade de assumir compromissos com bom-senso, com lógica e com impacto na continuidade da prestação de cuidados de saúde na região", sobretudo ao nível da humanização dos serviços e da formação dos próprios médicos.

O SIM e a FNAM anunciaram um ciclo de greves em outubro e novembro, as de outubro por regiões (dia 11 no norte, 18 no centro, e 25 no sul) e uma nacional a 08 de novembro, com concentração de médicos “de bata” junto do Ministério da Saúde.

De uma lista com 25 reivindicações, destaca-se a diminuição do trabalho suplementar nas urgências de 200 para 150 horas anuais, turnos de urgência de 12 horas, em vez de 18, e listas de doentes mais pequenas, descendo dos atuais 1.900 para 1.550.