A conferência internacional “Lisbon Medical Cannabis 2018” é promovida pela Cannativa – Associação de Estudos sobre Canábis e resulta, segundo a associação, da “enorme necessidade de informação que existe em Portugal” sobre esta matéria.

“A canábis medicinal, apesar de já ter sido legalizada em Portugal, ainda não está regulamentada, e tanto os médicos como os pacientes ainda não têm informação que lhes permita saber o que é a canábis medicinal, como e quando utilizá-la e em que dose”, disse à Lusa Laura Ramos, editora da Canapress, o órgão de informação da Cannativa, que pretende contribuir para “o debate sobre a canábis com rigor e isenção”.

Do contacto com os doentes, a associação também percebeu que estes estavam com “muitas dificuldades” em ter aconselhamento e acompanhamento médico.

“Tivemos todas as situações, médicos que incentivaram o consumo de canábis, por exemplo, em doentes oncológicos, mas também tivemos médicos que nem querem ouvir falar disso e que disseram a pais de crianças com epilepsia ‘você vai drogar o seu filho’”, referiu Laura Ramos.

Foi perante estes relatos, que a associação sem fins lucrativos considerou que “era urgente e necessária mais informação, tanto para os pacientes e para o público em geral, como para os profissionais de saúde para que no futuro possam acompanhar melhor os pacientes e ter mais informação”, adiantou.

A utilização de medicamentos, preparações e substâncias à base de canábis foi aprovada pelo Parlamento em 15 de junho na votação final global de um texto da comissão parlamentar de saúde, originado por projetos de lei do Bloco de Esquerda e do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN), e promulgada pelo Presidente da República a 10 de julho.

Segundo o texto, terá de ser um médico a prescrever medicamentos ou preparações à base desta planta, em que são consideradas substâncias que vão desde os óleos até à flor desidratada, mas só se outras terapêuticas convencionais tiverem efeitos adversos ou indesejados.

A discussão no Parlamento desta medida gerou “algum debate” na sociedade, mas é preciso que esse debate não pare: “é preciso fazer com que aconteça mais vezes para que mais pessoas” possam perceber, por exemplo, os benefícios que o óleo de canabidiol pode ter numa criança com epilepsia, fazendo com que, “em vez de ter 50 convulsões por mês possa ter quatro ou cinco”, disse Laura Ramos.

Com estes “resultados fantásticos (…) nós enquanto associação pensamos quantas crianças não poderiam estar bem melhores e quantas famílias não poderiam ter muito mais qualidade de vida se pudessem ser tratadas com canábis e é nesse sentido que achamos que é urgente que haja debate, informação, conferências, encontros, seja o que for, desde que se estimule o debate e que se difunda a informação”, sustentou.