De acordo com o Jornal de Notícias, os médicos não estão a aderir ao regime de incentivos do Governo, criado para que se fixem em zonas com carências de profissionais. Desde 2019, o número de médicos a aceitar as vagas tem vindo a diminuir. De acordo com os números facultados pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) à publicação, em 2019, este regime cativou 358 médicos, mas em 2020 o número baixou para 313 e em julho de 2021 eram apenas 263.

Este ano abriram 200 novas vagas que podem ser preenchidas até ao final do ano, pelo que o número ainda poderá crescer, mas os sindicatos sugerem que pouco subirá.

Ao JN, Roque da Cunha, do Sindicato Independente dos Médicos, e Noel Carrilho, da Federação Nacional, admitem que o regime é positivo e reiteram a disponibilidade para negociar com o ministério, mas referem que a falta de adesão poderá estar relacionada com os salários e as condições de trabalho na classe.

Assim, os médicos colocados em 2021 terão mais 40% da remuneração-base da primeira posição da categoria de assistente, da carreira especial médica ou da carreira médica ao longo de seis anos, em vez dos três inicialmente previstos.

Na lista de incentivos à mobilidade geográfica para estas zonas, o programa prevê ainda o direito a mais dois dias de férias por ano e por cada cinco anos de serviço acresce mais um dia; podem tirar 15 dias por ano para investigação ou formação, com ajudas de custo e transporte; e o cônjuge tem direito de preferência nas vagas abertas pela Função Pública no local onde o médico for colocado.

A falta de adesão a este regime para preenchimento das vagas em zonas carenciadas é mais um sinal da dificuldade que o SNS tem em contratar. Também um terço das vagas do concurso para contratação de médicos de medicina geral e familiar ficaram por preencher. Apesar de ainda não ser público número de candidaturas a estas vagas de especialidades hospitalares e saúde pública, os sindicatos asseguram que o desinteresse terá sido ainda maior.