Numa lista de vários “desafios” que deixou hoje à ministra da Saúde na abertura do Congresso da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães começou por referir que “mais de 50% do tempo é utilizado para estar a escrever no computador ou à procura de uma impressora que funcione”.
“Isto é verdadeiramente lamentável”, considerou, lembrando que o tempo nas consultas “é valioso” e que os médicos usam grande parte dela em detalhes e problemas dos sistemas informáticos.
Outro dos desafios fundamentais que a ministra Marta Temido enfrenta é, segundo o bastonário, “uma nova política de contratação”, que rejuvenesça os serviços e as unidades de saúde e que capte os jovens médicos, não os deixando fugir do Serviço Nacional de Saúde.
“É muito grande o número de jovens médicos que tem abandonado o SNS”, disse Miguel Guimarães, referindo que a atual política de concursos não tem cumprido o objetivo de reter os médicos que terminam a especialidade no SNS, o que seria fundamental para que os serviços tivessem um mais adequado equilíbrio etário.
Sobre os jovens médicos, o bastonário frisou ainda que os 10 mil internos (a receber formação de especialidade) representam já um terço de todos os médicos a trabalhar no SNS.
Para o representante dos médicos, a nova ministra tem ainda como desafio um “reforço urgente” da capacidade de resposta das regiões mais periféricas e o combate às desigualdades sociais em saúde.
Miguel Guimarães defendeu mesmo que o Orçamento do Estado para o próximo ano devia contemplar “uma verba específica” para combater as desigualdades sociais em saúde.
O bastonário sugeriu ainda que os contratos programa com os hospitais passem a ter uma percentagem maior alocada à questão da qualidade, sugerindo que “não se pense apenas em números” de produção, mas muito também na forma e na qualidade assistencial.
Consagrar tempo de trabalho dos médicos à investigação é outra das ideias defendidas pelo bastonário, que esclarece que investigar não se trata necessariamente de fazer um mestrado ou um doutoramento, também por exemplo avaliar o que é feito nos serviços diariamente ou a experiência que é feita com determinada patologia. Trata-se de investigar, aferir e avaliar o que é realizado quotidianamente pelos médicos.
O reforço da formação é outro dos desafios colocados à nova ministra da Saúde, que esteve na sessão de abertura do Congresso onde ouviu os recados deixados por Miguel Guimarães. No final, os jornalistas tentaram falar com Marta Temido, que se escusou a responder a perguntas.
Marta Temido tomou posse há menos de duas semanas, substituiu Adalberto Campos Fernandes na pasta.
O 21.º Congresso da Ordem dos Médicos, sob o tema “O Futuro na Medicina”, decorre hoje e amanhã em Lisboa.
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