Em declarações à Lusa, o presidente do MEL, Jorge Marrão, explicou que os convites foram dirigidos “aos partidos que são alternativa à atual governação" e considerou que, enquanto movimento cívico, não têm de “pedir licença" a ninguém para desenhar o modelo das suas convenções.
“O que estamos a estimular é a construção de ideias para esta reconstrução e reconfiguração, não é um espaço para fazer uma crítica permanente ao estado atual das coisas, é saber o que é que o país precisa e o que podemos trazer de novo”, afirmou.
O presidente do MEL, cujos membros referiu situarem-se maioritariamente no espaço do “centro e do centro-direita”, defendeu que o objetivo da convenção “é fazer um debate cívico e político, mas que não é um debate partidário”.
“Há uma tendência, que nós queremos contrariar, de transformar todos os debates da sociedade em debates partidários, esse não é o nosso desígnio”, assegurou.
O tema central da convenção, “Portugal e os portugueses - Reconfiguração social, política e económica para as próximas décadas”, foi escolhido por o país estar a atravessar uma crise sanitária “à qual se vai suceder uma crise económica”, que, para o MEL, “vai obrigar a que um conjunto de políticas públicas tenham de ser modificadas”.
“Seguindo até as palavras do professor Marcelo Rebelo de Sousa, é a ideia de uma reconstrução nacional (…) Os partidos, na nossa opinião, vão ter de repensar as suas estratégias partidárias face à natureza da crise”, defendeu, apontando para necessidade de uma “maior integração com as políticas públicas europeias e de muito maior liberdade económica e cívica”.
Outro dos objetivos do MEL é a “construção de pontes”, e por isso, salientou o presidente do movimento, estarão também presentes na convenção pessoas de centro-esquerda “de qualidade”.
Por exemplo, o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros do PS Luís Amado e o deputado socialista Sérgio Sousa Pinto participarão em painéis sobre “Um país pobre mesmo em tempos de grandeza” e “A intolerância cultural e a ditadura do politicamente correto”, respetivamente, enquanto o antigo dirigente do PS Álvaro Beleza intervirá numa discussão sobre “O caminho das liberdades”, em que também será orador o ex-ministro do PSD Miguel Poiares Maduro.
Questionado sobre a ‘estreia’ do líder do PSD em convenções do MEL - os restantes líderes partidários já tinham marcado presença - , Jorge Marrão considerou-a “relevante por ser o partido central da oposição em Portugal”.
“A necessidade de os partidos se irem entendendo sobre um conjunto de políticas públicas é decisiva neste momento, os eleitorados estão fragmentados e as sociedades polarizadas, não é possível avançar sem haver alguma concertação sobre algumas políticas públicas que são necessárias”, defendeu.
Às críticas à participação do líder e deputado único do Chega, André Ventura, na qualidade de orador isolado (o mesmo modelo de Rui Rio, Francisco Rodrigues dos Santos e João Cotrim Figueiredo), Jorge Marrão respondeu que “é um princípio básico da democracia respeitar a composição no parlamento”, mas também com o interesse de ouvir todos os contributos e propostas.
Também o antigo presidente do CDS-PP Paulo Portas terá ‘honras’ de orador único num painel sobre “O mundo pós-covid: riscos e oportunidades”.
Os sociais-democratas Miguel Morgado e Miguel Pinto Luz e a deputada do CDS-PP Cecília Meireles falarão sobre “A necessidade de convergência à direita e ao centro: o país em primeiro lugar”, enquanto os líderes da Juventude Social-Democrata, Alexandre Poço, e da Juventude Popular, Francisco Camacho, debaterão o tema “Portugal e os caminhos do futuro”.
Entre os onze painéis, Jorge Marrão destacou o que abrirá a convenção, e que parte de um ensaio feito pela historiadora Fátima Bonifácio sobre as relações dos portugueses com o Estado, ou outro marcado para terça-feira à tarde sobre “As causas míticas da divergência económica portuguesa”, que terá como orador convidado Nuno Palma, professor de economia na Universidade de Manchester.
A convenção do MEL, que se realiza anualmente desde 2019, muda-se este ano da Culturgest para o Centro de Congressos de Lisboa devido às restrições sanitárias e ao “grande número de inscrições”, cerca de 700 pessoas divididas pelos dois dias, sendo também possível acompanhar os trabalhos ‘online’.
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