Melinda French Gates vai deixar de doar a maior parte da fortuna para fundação que criou com o ex-marido, Bill Gates. O objetivo é deixar de concentrar os donativos num só lugar para passar a trabalhar com outras associações filantrópicas, revela o The Wall Street Journal.
"Reconheço o absurdo de tanta riqueza estar concentrada nas mãos de uma só pessoa e acredito que a única coisa responsável a fazer com uma fortuna deste tamanho é doá-la – da maneira mais ponderada e impactante possível”, escreveu a engenheira informática numa carta publicada na plataforma Giving Pledge, um projeto do antigo casal em parceria com o investidor bilionário Warren Buffett, que incentiva as pessoas mais ricas do mundo a dedicar a maior parte da sua fortuna a causas de caridade.
Aquando da criação do projeto, em 2010, Bill e Melinda, numa carta conjunta, comprometiam-se a dispor a grande maioria dos seus ativos à fundação para ajudar a combater mortes evitáveis por várias doenças, assim como “derrubar outras barreiras à saúde e à educação” em vários pontos do mundo.
No entanto, desde o divórcio do casal em 2021 que cada um passou a assinar cartas individuais que assumiam focos diferentes. Se Bill Gates sublinha que a fundação é a sua "principal prioridade filantrópica", Melinda quer diversificar os focos de atenção, com especial enfoque à Pivotal Ventures, uma empresa de investimento e incubação que busca promover o progresso social e profissional de mulheres e famílias nos EUA que fundou em 2015.
“Acho que a filantropia é mais eficaz quando prioriza a flexibilidade sobre a ideologia", escreve na carta recentemente publicada onde reafirma que na fundação e na Pivotal Ventures está "à procura de novos parceiros, ideias e perspectivas".
Em agosto de 2021, aquando da oficialização do divórcio de Bill e Melinda Gates, Mark Suzma, diretor executivo da fundação explicou numa entrevista à Associated Press como passaria a funcionar o trabalho do ex-casal na direção da organização sem fins lucrativos.
Sendo que ambos continuaram e continuarão a trabalhar juntos como copresidentes e curadores da Fundação Gates, o objetivo da comunicação da separação foi feito para que todo o processo pudesse ser "transparente".
"Ambos garantiram-me […] que as suas intenções e compromissos incluem serem copresidentes e curadores da fundação a longo prazo. E é exatamente isso que estamos a planear", disse Suzma.
No entanto, se até 2023 Bill e Melinda decidirem não continuar nas suas funções conjuntas, a ex-mulher renunciará aos cargos de copresidente e curadora.
Se Melinda Gates se demitir, o cofundador da Microsoft irá comprar a sua parte da fundação, uma das maiores organizações de caridade privadas do mundo, recebendo recursos para fazer o seu próprio trabalho filantrópico.
Os recursos seriam separados do fundo patrimonial da Fundação Gates.
Bill e Melinda Gates anunciaram em maio o seu divórcio, ao fim de 27 anos de casamento.
"Depois de uma consideração cuidadosa e muito trabalho no nosso relacionamento, tomamos a decisão de terminar o nosso casamento", anunciou então o casal, separadamente, através de publicações na rede social Twitter.
O casal Gates, que tem três filhos e mora no Estado de Washington, nos Estados Unidos, anunciou que iria continuar a trabalhar conjuntamente na Fundação Bill e Melinda Gates, que luta contra a pobreza e doenças.
O cofundador da Microsoft, Bill Gates tem uma fortuna avaliada em 125,6 mil milhões de dólares (105 mil milhões de euros) pela revista Forbes.
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