“Sempre estive firmemente empenhada na conclusão de um acordo de comércio [Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento, TTIP na sigla em inglês] com os Estados Unidos, e fizemos muitos progressos nas negociações, mas não serão concluídas agora”, afirmou Angela Merkel, após conversações com o ainda Presidente norte-americano, Barack Obama, que está a realizar uma visita oficial à Alemanha, naquele que será o seu último périplo europeu enquanto chefe de Estado.

O acordo de livre comércio transatlântico está em negociação desde 2013 e era um dos principais focos da administração Obama.

Ao lado de Obama, Merkel afirmou esperar, no entanto, que o acordo seja possível “um dia”.

“Tenho a certeza que um dia poderemos voltar”, disse.

“O que nos une é a convicção comum de que a globalização deve ser organizada humanamente, politicamente, mas não há como voltar ao tempo antes da globalização”, reforçou a chanceler.

Da sua parte, Obama sublinhou que a chanceler alemã foi uma parceira internacional “extraordinária”, afirmando que a política demonstrou integridade, veracidade e o reconhecimento de que ser um bom líder significava também se envolver com o mundo.

“Tudo o que posso dizer é que a chanceler tem sido uma parceira extraordinária e que a chanceler Merkel foi talvez o único líder entre os nossos aliados mais próximos que estava presente quando eu cheguei”, referiu o Presidente norte-americano cessante, acrescentando que, caso fosse alemão e Merkel candidata nas eleições legislativas de 2017, votaria nela sem qualquer dúvida.

“Tento seguir a regra de não me intrometer na política de outros. Tudo o que posso dizer é que a chanceler Merkel tem sido uma parceira extraordinária”, reforçou, quando questionado sobre o seu apoio a uma possível nova candidatura da política alemã, no poder há 11 anos.

Ainda na conferência de imprensa conjunta com Merkel, Barack Obama declarou esperar que o seu sucessor na Casa Branca, o Presidente eleito Donald Trump, “enfrente” a Rússia quando Moscovo violar as normas internacionais, numa referência aos conflitos na Síria e na Ucrânia.

“Espero que o Presidente eleito tenha a vontade de enfrentar a Rússia quando ela não respeitar os nossos valores e as normas internacionais”, declarou.

Ao citar “a violação das normas internacionais”, o governante salientou o risco de colocar “países mais pequenos vulneráveis” ou de criar “problemas a longo prazo em regiões como a Síria”.

“É um assunto sobre o qual teremos mais informações mais à frente e à medida que o Presidente eleito componha a sua equipa”, prosseguiu Obama, numa altura em que se discute a manutenção das sanções existentes contra Moscovo na sequência da crise no leste da Ucrânia.

Esta sexta e última visita oficial à Alemanha de Obama será concluída na sexta-feira com uma minicimeira “com os mais estreitos aliados europeus dos Estados Unidos”: o Presidente francês, François Hollande, a primeira-ministra britânica, Theresa May, o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, o chefe do Governo espanhol, Mariano Rajoy e a chanceler alemã, Angela Merkel.

Depois de uma visita à Grécia e desta passagem por Berlim, Obama segue depois para o Peru, para participar numa cimeira do Fórum de Cooperação Económica Ásia-Pacífico.