A informação foi transmitida hoje pela chefe do Programa Nacional de Nutrição de Angola, Maria Futi Tati, durante um seminário de lançamento da “Plataforma Multissectorial de Nutrição em Angola”, realizado, em Luanda, considerando a situação “muito séria e preocupante”.
“O grau de desnutrição, principalmente a crónica, a nível do país é muito sério. Temos que trabalhar bastante, estamos com uma desnutrição crónica com uma taxa de 38% e o padrão preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de menos de 20%”, disse.
De acordo com a responsável, “nenhuma das 18 províncias angolanas está em normalidade nutricional”, ou seja, “todas as províncias estão com problemas sérios de desnutrição”, demonstrando que “o país está mal”.
As províncias do Bié com 51%, Cuanza Sul com 49%, Cuanza Norte com 45% e o Huambo com 44% são, segundo Maria Futi Tati, as que apresentam maiores indicadores de desnutrição.
“São cerca de nove províncias que estão em situação de extrema gravidade de desnutrição, sete províncias em situação de prevalência elevada e duas províncias em situação de prevalência média”, apontou.
Na ocasião, a chefe do Programa Nacional de Nutrição de Angola adiantou ainda que 64% das crianças angolanas padecem de “anemia grave”, porque “muitas vezes a criança já nasce desnutrida e depois alimenta-se mal, muitas vezes faz apenas uma refeição por dia e depois evolui para a anemia”.
Para inverter esse quadro, foi lançada a Plataforma Multissetorial de Nutrição em Angola, órgão que congrega diversos setores ministeriais, Organizações Não-Governamentais e parceiros internacionais.
“No sentido de traçarmos estratégias e políticas que possam vir a melhorar o estado nutricional. Para isso vamos trabalhar, coordenando ações, porque as questões de nutrição não dependem apenas do setor da Saúde”, argumentou a responsável.
O quadro da malnutrição em Angola “deve envolver todos os atores, incluindo os políticos, pelo facto de o país ser ainda o terceiro da região austral do continente africano em situação de desnutrição crónica”, salientou Maria Futi Tati.
“E isto compromete o crescimento e desenvolvimento das crianças, que a maior parte das vezes vêm já afetadas a partir do ventre das mães e temos que olhar aqui também para as mulheres grávidas, melhorando a alimentação e o seu estado nutricional”, concluiu.
Por sua vez, o Secretário de Estado para a Saúde Pública de Angola, José Vieira Dias da Cunha, que discursava na cerimónia de abertura deste encontro, assumiu que a desnutrição crónica no país “é extremamente elevada”, defendendo a conjugação de esforços para a sua inversão.
“A situação da desnutrição no nosso país exige de todos nós muita atenção e dedicação, pois o bom estado nutricional e de saúde são fatores incontestáveis para o desenvolvimento social e económico, portanto, a sua garantia advém de intervenções multissetoriais e de compromissos políticos assumidos”, afirmou.
Com a criação dessa plataforma, sublinhou, “devemos concentrar as nossas ações no desenvolvimento integral das nossas crianças que é um foco do Executivo”.
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