“Na ponte Ferreirinha estamos a construir as fundações dos principais pilares e das escoras que vão suportar o tabuleiro. Temos os pilares mais simples e os encontros já concluídos ou em fase de conclusão. Contamos em breve começar a construir tabuleiro – o primeiro tramo do tabuleiro, do lado de Gaia, que será o tabuleiro com menor altura ao solo”, explicou à Lusa o engenheiro Pedro Araújo, gestor do contrato da empreitada da Linha Rubi (Casa da Música – Santo Ovídio) para a Metro do Porto.

Segundo o responsável, que falava no estaleiro da estação Campo Alegre, o objetivo é “de seguida fazer ocupações no rio Douro para a construção de pilares provisórios, que vão auxiliar a construção da ponte, e começar a elevar os pilares principais”.

“Estas fases vão dar-se todas em sequência. […] Assim que saímos das fundações com os principais pilares, vamos começar a ter mais visibilidade da obra além da que já temos, e portanto durante este verão haverá uma diferença mais assinalável na paisagem, vamos continuando e a ponte há de continuar a ser executada, progredindo naturalmente dentro do seu ritmo de construção durante 2026 e também em 2027”, detalhou.

Perante o facto do prazo inicialmente previsto ser o final de 2026, fonte oficial da Metro do Porto disse à Lusa que em causa, em 2027, estarão sobretudo acabamentos na ponte, e que o prazo do resto da obra mantém-se para 2026.

Questionado sobre os prazos, Pedro Araújo reconheceu que tal “é um grande desafio”.

“Não escondemos, fazemos tudo o que é possível fazer para perseguir esse objetivo e vamos continuar a fazê-lo até ao final. É isso que nos norteia no dia-a-dia”, vincou.

Numa entrevista ao JN em fevereiro, o presidente da Metro do Porto, Tiago Braga, já tinha dito que há condições para, no final de 2026, haver “algum tipo de operação na linha Rubi”, estando a Metro do Porto preparada para “vários cenários”, incluindo o da extensão total ou “começar a operar entre blocos”.

Numa visita a três pontos da empreitada (Campo Alegre, Arrábida e Rotunda Edgar Cardoso), relativamente ao Campo Alegre, o túnel até à Casa da Música está previsto começar a ser escavado “assim que houver condições de escavação da estação”, algo que deverá ocorrer “nos próximos meses”.

Já em Gaia, na Arrábida, com vista privilegiada para o rio Douro, “é um conceito de obra diferente, uma obra à superfície, uma ampla reformulação do tecido rodoviário e pedonal também, e portanto estamos neste momento a construir essas novas vias que vão reformular todo aquele nó da Arrábida”, detalhou Pedro Araújo.

“A própria estação da Arrábida em si será uma estação à superfície, tem já várias obras de contenção construídas e elevadas, e portanto prosseguem trabalhos dessa natureza”, explicou.

Sobre os atuais constrangimentos à circulação rodoviária que se verificam em Gaia, o responsável da Metro do Porto disse que a a ideia é ir desimpedindo o tráfego.

“À medida que formos tendo partes de obra concluídas poder devolver essa circulação à população. Queremos fazer de uma forma sustentada e quase definitiva, não estar constantemente a proceder a desvios para um lado e para o outro. Em 2025 vamos ter já devoluções em algumas zonas da cidade”, revelou, e em 2026 “tudo será devolvido à medida que os trabalhos forem sendo concluídos”.

Até à estação da Rotunda Edgar Cardoso está em construção o alargamento do viaduto do Candal, que tecnicamente consiste na construção “de um viaduto ferroviário e um novo viaduto rodoviário”.

Na Rotunda, uma autêntica cratera a céu aberto, fruto da escavação de 200 mil metros cúbicos de terras, já se vislumbra o início do futuro parque de estacionamento com capacidade para cerca de 500 veículos, pois a escavação “está concluída”.

Já o túnel até Santo Ovídio está dividido em dois troços (das Devesas até Soares dos Reis e depois até Santo Ovídio) que “vão ser escavados a partir de várias frentes”, estando a Metro do Porto “a dias de distância de começar a ter três frentes de escavação subterrâneas” em toda a obra, “duas em Gaia e uma no Porto”, no Largo Ferreira Lapa.

Quanto a Gaia, “uma das frentes de escavação será a partir da própria estação das Devesas”

“Neste momento temos já parte da estação escavada e parte a chegar perto da abóbada do túnel”, explicou Pedro Araújo, referindo ainda que haverá “outra frente de escavação a partir de um poço – poço 4 – que já está escavado ou na fase final de escavação”, na Rua Visconde das Devesas.

Já entre Soares dos Reis e Santo Ovídio haverá “um poço de ventilação que vai servir para fazer a escavação do túnel nesse troço nos dois sentidos”, bem como “uma frente de escavação a partir de Santo Ovídio”, onde a empreitada está “bem mais adiantada” que no Campo Alegre.

“Temos já a escavação completamente executada da estação. Parte do falso túnel que ligará à galeria subterrânea também já está executada”, referiu, e quanto à estação está-se agora a “começar a construir a estrutura, e o que se espera é que nos próximos tempos se veja a estrutura a ser erigida”.

A Linha Rubi, com 6,4 quilómetros e oito estações, inclui uma nova travessia sobre o Douro, a ponte D. Antónia Ferreira, a Ferreirinha, que será exclusivamente reservada ao metro e à circulação pedonal e de bicicletas.

Em Gaia, as estações previstas para a Linha Rubi são Santo Ovídio, Soares dos Reis, Devesas, Rotunda, Candal e Arrábida, e, no Porto, Campo Alegre e Casa da Música.

A empreitada tem de estar concluída até ao final de 2026.

*** Jorge Sá Eusébio (texto), André Sá (vídeo) e José Coelho (fotos), da agência Lusa ***