De acordo um relatório publicado hoje no jornal The New York Times, o Centro de Inteligência contra Ameaças da Microsoft (MSTIC) identificou pela primeira vez este código maligno na passada quinta-feira.
O relatório refere que se trata de uma espécie de programa de sequestro que está pensado para ser “destrutivo” e desenhado para deixar inutilizados os dispositivos afetados.
“Face à escala das intrusões verificadas, a MSTIC não é capaz de avaliar a intenção das ações destrutivas identificadas, mas acredita que essas ações representam um risco grande para qualquer agência governamental, ou organização com sistemas na Ucrânia”, aponta a Microsoft.
O Governo da Ucrânia acusou hoje a Rússia de ser a responsável por um ataque cibernético sofrido por várias redes de internet estatais ucranianas nas noites de quinta e sexta-feira.
“Hoje podemos dizer que todas as provas apontam para que seja a Rússia que está por detrás do ciberataque. Moscovo continua a travar uma guerra híbrida e está apostando, de uma forma ativa, as suas forças na esfera da informação e do ciberespaço”, acusou o Ministério da Transformação Digital da Ucrânia, num comunicado publicado na internet.
O ministério ucraniano indicou que o Serviço Especial de Comunicações do Estado, o Serviço de Segurança da Ucrânia e a Polícia Cibernética continuam a investigar o ataque que afetou cerca de 70 páginas oficiais do Governo, mas ressalvou que até agora todas as suspeitas apontam para a Rússia.
“As tropas cibernéticas da Rússia trabalham frequentemente contra os Estados Unidos e contra a Ucrânia, recorrendo ao uso da tecnologia para agitar a situação política”, refere a nota do Governo ucraniano.
O ciberataque afetou cerca de 70 páginas da internet ucranianos, entre elas de ‘sites’ do gabinete de ministros, de ministérios e do serviço de emergências.
Nessas páginas, os atacantes publicaram um anúncio intimidatório em ucraniano, russo e polaco.
A União Europeia (UE) condenou na sexta-feira o ciberataque e afirmou que o bloco comunitário vai “mobilizar todos os recursos” para ajudar Kiev perante um ataque que já era temido.
“Infelizmente, já esperávamos que isto pudesse acontecer. Evidentemente, não podemos apontar o dedo a ninguém, pois não temos provas, mas podemos imaginar” quem está por detrás do ciberataque, disse o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, à entrada para uma reunião informal de ministros dos Negócios Estrangeiros dos 27 da UE em Brest, França, marcada, entre outros assuntos, pelas tensões a leste, entre Ucrânia e Rússia.
Também o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, condenou o ciberataque e anunciou que nos próximos dias a Aliança Atlântica assinará um acordo de cooperação cibernética com Kiev.
Depois de ter integrado a antiga União Soviética, a Ucrânia tornou-se independente em 1991, após a dissolução do bloco controlado por Moscovo.
Em 2014, na sequência da Revolução Laranja que levou ao afastamento do presidente pró-Moscovo Viktor Yanukovych, a Rússia invadiu e anexou a península ucraniana da Crimeia.
Desde então, Moscovo tem alegadamente patrocinado uma guerrilha na região industrial de Donbass, no leste da Ucrânia, que já provocou mais de 13.000 mortos e 1,5 milhões de deslocados, segundo dados da ONU.
Nos últimos meses, a Rússia colocou mais de 100.000 tropas e armamento pesado junto à fronteira com a Ucrânia, suscitando o receio em Kiev e nos países ocidentais de um novo ataque contra o país, uma intenção negada por Moscovo.
A crise na fronteira da Ucrânia foi alvo, esta semana, de conversações separadas da Rússia com os Estados Unidos, com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês) e com a Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE).
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