“Eu respeitarei seja qual for a decisão dos conselheiros nacionais: se houver eleições, eu tenho responsabilidades especiais, não as declinarei, e isso significa levar muito a sério a possibilidade de me candidatar, mas ainda não tomei essa decisão”, afirmou o deputado, em declarações aos jornalistas à entrada para a Convenção Europa e Liberdade, na qual é orador hoje à tarde.
Questionado se essa decisão será influenciada por o antigo líder parlamentar do PSD Luís Montenegro estar também na corrida, Miguel Morgado respondeu: “Não exclui, nem inclui, eu farei a minha própria ponderação à luz do modo como as coisas forem evoluindo”.
Luís Montenegro está disponível para disputar a presidência do PSD e quer "eleições já", afirmou hoje uma fonte próxima do antigo deputado, que acrescentou que este dará uma conferência de imprensa na sexta-feira, às 16:00, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.
Miguel Morgado recordou que, nas anteriores diretas, em janeiro de 2018, defendeu que pessoas com maiores responsabilidades - onde se inclui - deveriam ter disputado as eleições com Rui Rio e Santana Lopes para proporcionar “uma escolha mais alargada” aos militantes do PSD.
“Existe uma direção em funções neste momento, de quem tenho divergido profundamente, mas que tem um mandato para cumprir. Não vai haver eleições até ao Conselho Nacional decidir algo em contrário. Eu respeitarei a decisão do Conselho Nacional seja ela qual for, a de convocar eleições ou não”, assegurou, alertando que o Conselho Nacional “não é um órgão banal do PSD, é o parlamento do partido”.
“Os conselheiros nacionais é que decidirão e eu respeito, não só por razão formalista, mas porque deve reproduzir o sentimento dos militantes do PSD”, sublinhou.
Apesar de manter a convicção de que a direção deveria levar o seu mandato até ao fim, Morgado reconhece que o Conselho Nacional “tem idêntica legitimidade à que goza Rui Rio como presidente do partido” para tomar uma decisão diferente.
Alguns órgãos de comunicação social noticiaram hoje que os críticos de Rui Rio já têm as assinaturas suficientes para obrigar à convocação de um Conselho Nacional extraordinário com vista à destituição do atual líder.
Luís Montenegro, que já no Congresso do PSD, em fevereiro, admitiu disputar no futuro a liderança do partido, tinha afirmado na quarta-feira na TSF que falaria “muito em breve” sobre o partido.
“Muito em breve falarei sobre o estado do PSD, falarei mesmo sobre o futuro do PSD porque entendo que este estado de coisas tem de acabar e isto tem de mudar: o PSD assim não se vai conseguir afirmar”, disse, no programa “Almoços Grátis”.
O Conselho Nacional do PSD reúne-se extraordinariamente, segundo os estatutos, “a requerimento da Comissão Política Nacional, da Direção do Grupo Parlamentar, ou de um quinto dos seus membros”, cerca de 30 elementos, num órgão que tem 70 elementos eleitos e quase o mesmo número por inerência.
A aprovação de uma moção de censura à Comissão Política Nacional – que tem de ser subscrita por um mínimo de um quarto dos conselheiros, segundo o artigo 68 dos estatutos do PSD – exige o voto favorável da maioria absoluta dos membros presentes e “implica a demissão da Comissão Política”.
“A aprovação de uma moção de censura à Comissão Política Nacional determina a convocação do Congresso Nacional no prazo máximo de 120 dias”, referem ainda os estatutos do partido.
[Notícia atualizada às 18h38]
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