Entre apelos à demissão dos responsáveis pela Educação, os manifestantes exigem "respeito".

"9A-4M-2D" é a mensagem replicada em cartazes, folhetos e t-shirts, referindo-se aos nove anos, quatro meses e dois dias de serviço congelado e que os professores exigem que seja contabilizado.

Os professores querem também um regime especial de aposentação, ao fim de 36 anos de serviço, uma revisão dos horários de trabalho no que diz respeito ao que é considerado componente letiva e não letiva e medidas que combatam o desgaste causado pela profissão.

Emília Tavares saiu de casa de madrugada e viajou durante seis horas e meia para participar hoje à tarde na manifestação em Lisboa, onde os milhares de docentes exigem direitos que dizem estar a ser negados pelo Ministério da Educação.

Professora de Educação Físca há 36 anos, Emília Tavares viajou de Bragança até Lisboa juntamente com centenas de professores daquela região para reivindicar os nove anos e quatro meses e dois dias de trabalho realizado para efeitos de progressão na carreira, contou à agência Lusa.

Junto às baias que separam o palco dos manifestantes, Emília Tavares lamentou a atitude do Ministério da Educação e do Governo em relação à forma como lida com os docentes e os seus direitos.

Com um cartaz dizendo "Frei Tiago, Abade Costa.Farsa", Mário Miguel, professor há quase 40 anos, veio de Ancião, sózinho no seu próprio carro, até Lisboa para exigir que o Executivo "respeite as pessoas e cumpra as promessas eleitorais".

O professor de 61 anos lembrou as promessas do Governo e uma das exigências agora feitas pelos professores: "O direito a uma aposentação em tempo justo".

Um outro grupo de professores, envergando t-shirts brancas nas quais se pode ler "Lesados 25 de Agosto" estão em Lisboa para recordar ao Executivo os concursos de professores feitos naquela data que levaram a que muitos docentes fossem prejudicados e ultrapassados por colegas devido a uma alteração das regras dos concursos.

Em declarações à Lusa, Paulo Fazenda, um dos ditos lesados, disse que aquelas medidas do ministério dirigido por Tiago Brandão Rodrigues representaram um gasto de cerca de 52 milhões de euros.

A concentração de professores começou cerca das 15:00 no Marquês de Pombal, Lisboa, onde bandeiras, balões e cartazes expõem as principais razões do protesto dos docentes.

Além de exigirem a contagem do tempo de serviço efetuado, os professores querem também horários adequados e medidas que combatam o desgaste e o envelhecimento da profissão.

A manifestação nacional foi anunciada no início de abril por 10 estruturas sindicais, reunindo a Federação Nacional dos Professores (Fenprof) e a Federação Nacional da Educação (FNE).

Caso o governo não ouça as reivindicações, os sindicatos admitem a realização de uma greve em época de provas nacionais, como disse à agência Lusa o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, em vésperas da manifestação.