“São milhares de trabalhadores insatisfeitos e indignados com esta situação e exigem que a ministra da Saúde marque uma reunião para se inteirar de todo o problema e para encontrar um caminho pela via negocial e as soluções para corrigir esta injustiça gritante”, disse à agência Lusa José Abraão, secretário-geral da Federação de Sindicatos da Administração Pública (FESAP), que participou no protesto, que foi pontuado por palavras de ordem como “Marta Temido, queremos o prometido: salário e carreira há muito esquecidos”.
As palavras de ordem foram acompanhadas por muito ruído, com cornetas e apitos a fazerem-se ouvir em São Bento, e com várias faixas em que se podia ler “Nem menos nem mais, direitos iguais” ou “Senhora ministra faça justiça”.
José Abraão também quis deixar “um apelo claro” ao Ministério das Finanças para que desbloqueie a situação da carreira e que crie as condições para que estes trabalhadores “possam ter uma carreira que seja, pelo menos, idêntica à dos técnicos superiores na base da carreira”, porque se isso não acontecer “eles não vão desistir” de lutar.
Os técnicos de diagnóstico e terapêutica iniciaram às 00:00 de hoje uma greve de 24 horas para exigir a revisão da carreira e manifestaram-se esta tarde frente ao parlamento, onde hoje o Governo está a discutir a proposta do Orçamento do Estado para 2019 (OE2019).
A greve, a quarta este ano, visa protestar contra as “últimas propostas apresentadas pelo Governo, que não vão ao encontro da reivindicação deste grupo profissional, relativamente à regulamentação da carreira”, disse à agência Lusa o presidente do Sindicato Nacional dos Técnicos Superiores de Saúde das Áreas de Diagnóstico e Terapêutica, Luís Dupont.
De acordo com os sindicatos, os níveis de adesão à greve rondam os 85% a 90%, mas há alguns serviços com adesão total.
“Houve serviços, como o Instituto Português do Sangue e da Transplantação, que à última hora andaram a procurar recrutar trabalhadores para evitar que o sangue se estragasse”, disse Luís Dupont, considerando “lamentáveis” estas situações.
Adriano Falcão, técnico de radioterapia do Instituto Português de Oncologia (IPO) de Coimbra, marcou presença no protesto por considerar que a situação de injustiça em relação a estes técnicos profissionais não pode continuar.
“Andamos há anos e anos atrás da regularização da carreira e nada é feito. Todos os governos viram as costas e não se interessam por nós”, disse à Lusa Adriano Falcão, afirmando que apesar de a esperança ter vindo a diminuir ainda acredita que desta vez, com uma nova ministra, vão conseguir.
Altina Pinto, técnica de saúde ambiental, no centro de saúde de Torre de Moncorvo, Bragança, lembrou que os técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica são a única carreira de licenciados que não é remunerada como tal.
“Há 18 anos que somos discriminados”, disse, sublinhando que “os médicos sem diagnóstico não fazem diagnóstico”, acrescentando que estes técnicos “são essenciais no serviço nacional de saúde”.
No final do protesto, vigiado pela PSP na escadaria da Assembleia da República (AR), os sindicatos entregaram uma carta dirigida ao presidente da AR, em que manifestam as preocupações dos trabalhadores e reclamam que seja encontrada uma solução para a carreira.
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