O cortejo partiu no início da tarde desde o Monumento à Democracia, no centro de Banguecoque, gritando “Abaixo a ditadura”, “Prayut fora” e “Viva a democracia”.

Os manifestantes foram brevemente parados pela polícia, até que os agentes finalmente desistiram de os deter e cerca de 8.000 pessoas, segundo as autoridades, conseguiram chegar à Casa do Governo no início da noite.

“Não iremos embora até que Prayut Chan-O-Cha renuncie”, afirmou Anon Numpa, um dos líderes do movimento, à agência francesa France-Presse.

Ao longo do caminho, várias centenas de partidários pró-monarquia, vestidos de amarelo, a cor do rei, reuniram-se para saudar e apoiar o monarca Maha Vajiralongkorn, que permanece com muita frequência na Europa, mas está atualmente na Tailândia onde preside a várias cerimónias e a sua comitiva não conseguiu evitar a manifestação.

“A monarquia existe há mais de 700 anos. Eles querem derrubá-la. Viemos trazer o nosso amor ao nosso soberano”, disse um dos seus apoiantes, Siri Kasemsawat, guia turístico antes da pandemia de covid-19.

Apesar de alguns confrontos leves, os dois campos, pró-monarquistas e pró-democracia, mantiveram a distância, porém esta é a primeira vez que se encontram cara a cara desde o início do movimento de protesto, que floresceu durante o verão entre a juventude tailandesa.

Um carro da comitiva real, com a Rainha Suthida a bordo, foi parado por alguns momentos e dezenas de manifestantes levantaram três dedos na sua direção. Na véspera, outros ativistas fizeram a mesma saudação ao passar o rei, inspirados pelo filme “Hunger Games” (“Os Jogos da Fome”), gestos inéditos de desafio à autoridade real.

Esses ativistas pedem uma reforma profunda da realeza, uma exigência que era impensável há alguns meses no país onde a família real é protegida por uma das mais severas leis de lesa-majestade do mundo.

“Não queremos derrubar a monarquia, apenas pedimos que ela se adapte connosco”, apontou Dear Thatcha, de 20 anos.

Os manifestantes pedem também a saída do primeiro-ministro, o general Prayut Chan-O-Cha, no poder desde um golpe em 2014 e legitimado por eleições polémicas realizadas no ano passado. Além disso, é exigida ainda uma modificação da Constituição, implementada em 2017 sob a junta e muito favorável ao Exército.

Os líderes do movimento pró-democracia esperavam reunir dezenas de milhares de manifestantes na quarta-feira, o 47.º aniversário da revolta estudantil de 1973.

De momento, parecem ter atraído menos pessoas do que a última grande manifestação, que reuniu cerca de 30.000 pessoas na capital, em setembro, e alguns observadores temem que o protesto perca força.

“Eles podem ter sobrestimado a sua força”, opinou Thitinan Pongsudhirak, cientista político da Universidade Chulalongkorn, em Banguecoque.

O movimento, na sua maioria composto por estudantes urbanos, “carece de um propósito claro e de uma agenda para convencer um grande número de pessoas”, continuou Thitinan.

Segundo o mesmo, um confronto real entre pró-monarquistas e o movimento revolucionário é provável num país acostumado a golpes de Estado e violência política, mas não imediatamente.

De momento, as autoridades têm respondido no domínio judicial, com dezenas de ativistas presos desde o início do protesto. A maioria foi libertada sob fiança e alguns são acusados de “sedição”.

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