Adianta a publicação que o militar sofreu estes ferimentos quando estava numa operação de cerco e busca numa zona de Bangui controlada por um bando armado muçulmano.

Em declarações à TSF, o porta-voz do Estado Maior General das Forças Armadas Pedro Coelho Dias adiantou que o militar está fora de perigo e se encontra a recuperar bem. Este "sofreu ferimentos ligeiros na omoplata na sequência do rebentamento de uma granada ofensiva", disse. Apesar de agora as indicações médicas serem de algum repouso, o militar está, segundo o porta-voz, motivado para continuar a missão.

O incidente ocorreu no seguimento de uma operação que tem estado a ser desenvolvida desde a semana passada no 3.º distrito da cidade de Bangui, para “neutralizar os grupos armados que atuam” naquela zona.

“As forças portuguesas, além de outros capacetes azuis que também se encontravam nesta operação entraram em confrontos com o referido grupo armado e há a registar um ferimento ligeiro de um dos nossos militares”, relatou o porta-voz à Lusa.

O Presidente da República desejou “rápidas melhoras” ao soldado português. Marcelo Rebelo de Sousa falou telefonicamente hoje de manhã com o comandante da força nacional destacada, “tendo-se inteirado do violento incidente” com os militares portugueses, de acordo com uma nota colocada no “site” da Presidência da República. O Chefe do Estado “desejou rápidas melhoras” ao soldado ferido, acrescenta a nota.

O militar faz parte de um contingente que se encontra no país desde 05 de março.

No passado sábado, 31 de março, uma patrulha constituída por militares portugueses na missão da ONU na República Centro-Africana foi atacada também em Bangui, por um grupo armado, não se registando baixas.

Em comunicado, o EMGFA adianta que os militares portugueses realizavam uma patrulha de rotina no terceiro distrito da capital da República Centro-Africana, quando, pelas 19:10 locais, foram alvejados por tiros de armas ligeiras, disparados por um grupo armado que “utilizou a população civil (mulheres e crianças) como escudo humano” para se proteger.

“Logo que esclarecida a situação e com alvos bem definidos, constituídos por elementos armados que disparavam, os militares portugueses abriram fogo controlado sobre os mesmos e largaram gás lacrimogéneo, tendo como resultado a desorganização das posições de tiro e a fuga dos elementos do grupo armado”, lê-se no comunicado.

O EMGFA refere que outros elementos portugueses, constituídos como força de reação rápida, foram enviados para o local e que a patrulha terminou a missão à hora prevista, cerca das 23:00.

A República Centro-Africana é um país atormentado por um conflito desde 2013.

As autoridades centro-africanas apenas controlam uma pequena parte do território nacional. Num dos países mais pobres do mundo, vários grupos armados disputam províncias pelo controlo de diamantes, ouro e gado.

Portugal integra a missão das Nações Unidas na República Centro Africana (MINUSCA). No início de março, a 3.ª Força Nacional Destacada (FND) partiu para a República Centro-Africana: um contingente composto por 138 militares, dos quais três da Força Aérea e 135 do Exército, a maioria oriunda do 1.º batalhão de Infantaria Paraquedista.

Estes militares juntaram-se aos 21 que já estavam no terreno, sediados no aquartelamento de Bangui, desde o dia 18 de fevereiro.

O atual contingente foi substituir a 2.ª FDN, força integrada por um contingente de 156 militares do Exército, na sua maioria do regimento de Comandos, após seis meses de empenhamento nas regiões de Bangui, Bocaranga e Bangassou.

No terreno está também uma missão de treino da União Europeia (European Union Training Mission – EUTM), iniciada em 2014 e que conta atualmente com 14 militares portugueses.

O mapa das FND, divulgado no passado dia 15 de dezembro, prevê que Portugal reforce a missão de treino da UE até 50 militares.

Em janeiro, Portugal assumiu pela primeira vez o comando (durante um ano) da EUTM, onde estão presentes cerca de 170 militares oriundos de 12 países da UE e de estados parceiros.

Em finais de março, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, visitou a força portuguesa que integra a MINUSCA e os militares que comandam a missão de treino na União Europeia.